Um Epílogo Sentimental de Quem Muito Sofre I


«Sinto a solidão do meu próprio corpo. Abaixo os olhos para as pernas nuas que estico, para a doçura dos meios seios, para os meus braços que nunca se imobilizam, mas flutuam sem cessar em doces ondulações, e vejo que há doze anos estou lassa, que este peito encerra uma dor inesgotável, que estas mãos foram marcadas pela tristeza e que, quando estou só, estes olhos raramente secam.» 

(Simone de Beauvoir, in “O Segundo Sexo 2” (LER), Quetzal, Lisboa, 2015, p. 485).