Os Dogmas que Não Têm Acolhimento nas Escrituras Sagradas (I)


A Igreja Católica Romana sempre surpreendeu teologicamente pela negativa. É uma instituição eclesiástica com profundos desvios doutrinários. Incorpora no seu âmago tremendas heresias, arrastando consigo milhões dos seus fiéis ao longo dos séculos para a cegueira espiritual. O exemplo manifesto disso prende-se sobretudo com a prática do culto mariano, a veneração dos santos, o baptismo das crianças, o ecumenismo teológico, a interpretação lato sensu das Escrituras Sagradas, a imposição do celibato ao clero, a inflexibilidade sobre o divórcio em caso de adultério (LER), a infalibilidade da autoridade papal e toda a capa no sentido de considerá-lo como o sumo representante de DEUS na Terra. Valeu-nos, felizmente, a intrépida correção dos Reformadores Protestantes para recolocar a Igreja no caminho certo da verdade soteriológica (LER). A intransigente apologética sobre a virgindade de Maria, superveniente ao nascimento do Senhor Jesus Cristo, bem como a sua divinização são dogmas que não têm qualquer tipo de suporte bíblico. E para o caro leitor entender melhor as duas ardilosas doutrinas da Igreja Católica, é preciso conhecer os pressupostos teológicos que caracterizam ambos, para assim chegar à verdade da Palavra de DEUS. Por isso, ater-nos-emos, em primeiro lugar, à temática da virgindade de Maria para depois abordar os raciocínios falazes sobre a sua divinização. 

A concepção do Senhor Jesus Cristo, tal como é unanimemente acolhido em várias denominações do Cristianismo, foi um acto miraculoso que não teve qualquer tipo de cobertura humana. Foi fruto da vontade soberana de DEUS para fazer cumprir o Seu eterno propósito salvífico para com a Humanidade, outrora decaída pelo pecado original de Adão e Eva. Ora, como ficou bem registado nos sinópticos, depois do Anjo Gabriel ter terminado a conversa com José, que estava tomado no seu profundo sonho, este "recebeu Maria por esposa; sem terem tido antes relações conjugais" (Mateus 1:24). Acontece que, por vicissitudes várias, depois do nascimento do Senhor Jesus Cristo não temos mais nenhuma passagem bíblica que sustente a continuidade da virgindade de Maria, antes pelo contrário, há indicações e relatos que nos mostram manifestamente que Maria se envolveu maritalmente com José, o seu marido, tendo em consequência disso outros tantos filhos e filhas.  O exemplo disto foi narrado pelos evangelistas Mateus e Marcos, ao referirem-se à incredulidade e concomitante admiração que Jesus suscitava perante a multidão aquando do seu regresso à cidade de Nazaré, levando-os a interrogar-se de forma surpreendente: "donde lhe vem a sabedoria e o poder de fazer milagres? Não é este o filho do carpinteiro? Não é Maria a sua mãe? E não são seus irmãos Tiago, José Simão e Judas? Não vivem cá também todas as suas irmãs? Donde lhe vem então tudo isto?" (Mateus 13:54-56; Marcos 6:2-3). São estes mesmos irmãos do Senhor Jesus, que ao aproximar-se a "Festa dos Tabernáculos" dos judeus, "não criam nele" (João 7:5). Com efeitoao ressuscitar dos mortos os tais, juntamente com os Seus discípulos e algumas mulheres, entre as quais a Sua própria mãe, acabaram finalmente por crer Nele, “preservando unânimes em oração e súplicas” (Actos 1:14). O Apóstolo Paulo, volvidos três anos da sua milagrosa conversão no caminho de Damasco e consolidado três anos nas regiões das Arábias, voltou a Jerusalém tendo apenas a oportunidade de se cruzar com o Apóstolo Pedro e também "Tiago, o irmão do Senhor" (Gálatas 1:17-19). 

Pese embora a divergência doutrinária entre os exegetas Católicos e Protestantes, levando aqueles a considerar que "os seus irmãos e suas irmãs” não são de facto irmãos verdadeiros do Senhor Jesus, isto é, “irmãos de sangue” mas sim aquilo que podemos denominar "meios-irmãos" ou, caso prefiram a expressão comummente usada na nossa sociedade, de "primos-irmãos". Cingindo-se à linha condutora da interpretação dos versículos em apreço, a fundamentação dos biblistas Católicos não corresponde à mínima verdade, por razões muito simples: desde logo, a multidão começa por mencionar os pais terrenos do Senhor Jesus, o carpinteiro José e Maria, aludindo depois aos seus irmãos e irmãs. Ou seja, vimos aqui o desvelo da multidão a dar primazia à família mais directa de Jesus – que traduz o grau de parentesco mais próximo, começando com a linha recta para depois entrar na primeira linha colateral. Se de facto estes "seus irmãos e suas irmãs” fossem mesmo primos-irmãos de Jesus, tal como sustentam os teólogos Católicos, obviamente que a multidão teria igualmente o cuidado de enumerar também os seus tios e suas tias como fizeram questão com os primos-irmãos, se verdadeiramente considerarmos que estes assim o são, uma vez que deveriam viver outrossim estas pessoas na mesma localidade de Nazaré. Falando a multidão do pai e da mãe de Jesus para depois saltar e referir unicamente os seus primos-irmãos sem, no entanto, fazer qualquer tipo de menção aos seus tios e tias não tem qualquer tipo de lógica e coerência interpretativa. Afirmamos isto porque, objectivamente, os tios e tias de Jesus são mais próximos Dele em termos de parentesco do que propriamente os seus primos-irmãos. Porque razão então a multidão relevaria os primos-irmãos do Senhor Jesus Cristo em detrimento dos seus tios e tias? Logicamente, não faz qualquer tipo de sentido a multidão omitir a primeira linha colateral do Senhor Jesus, dando primazia à segunda linha colateral. Isto somente reforça a convicção que sempre perfilhamos de que realmente “os seus irmãos e "suas irmãs” são mesmo irmãos de sangue do Senhor Jesus e não "primos irmãos", tal como erradamente faz crer debalde a Igreja Católica Romana. 

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(O artigo em apreço terá continuidade nas próximas publicações).