Génesis e Etimologia do Etnónimo Papel


«O nome tradicional dos pepeis é Ba-Sáu, Basháu ou Ba-são (Ensháu). Este é o nome que os Balantas usavam para designar os originários da ilha de Bissau. Etimologicamente, o termo Ba-Sáu significa em Balanta “eles são exterminados”. A tradição oral explica que esta expressão teria sido utilizada pelo único sobrevivente de uma das batalhas entre os Balantas e os Pepeis. À sua chegada à aldeia, o único sobrevivente dos invasores teria explicado aos seus que todos os seus companheiros tinham sido mortos, Ba-Sáu. Trata-se do grupo único que Valentim Fernandes tinha chamado de Cacheos, reagrupando assim Brames, Pepeis e, posteriormente, Manjacos. A. A. De Almada, tinha colocado em conjunto Buramos e Pepeis, chamando estes últimos de Biçaos ou Bissáus (Parece que Biçaos é o plural de Biçao ou Bissau, uma deformação do nome de um dos sete clãs que compõem o grupo Pepel. O nome exato é Bissassu, plural d´Intchassu. Esta palavra ter-se-ia tornado Bissahu e mais tarde Bissau. A cidade de Bissau é o local onde o clã Intchassu se instalou. Da mesma maneira, o termo Sapi (Sapij ou Tiapys), seria uma deformação de Safi ou Safim, derivado de N´sáfinte, nome de outro clã do qual vem o topónimo de Safim, região onde o clã se tinha instalado). Alguns consideram-nos descendentes dos Biafadas (segundo a lenda, os Pepeis descenderiam de um casamento entre um príncipe Biafada com uma mulher Brama da Ilha de Bissau. Os dois grupos contam que um caçador, chamado Mecau, filho do todo-poderoso rei de Quínara, da família Buduque, teria ido para a ilha de Bissau num torneio de caça, onde ele teria finalmente escolhido casar com as suas mulheres e uma das suas irmãs. A lenda apresenta os Pepeis como descendentes das suas seis esposas e da sua irmã». 

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(Tcherno Djaló, in O Mestiço e o Poder [Identidades, Dominações e Resistências na Guiné-Bissau], Veja, 2012, Lisboa, p. 58).