A cisão interna no seio do PAIGC, o revanchismo
do Presidente da República para com o líder dos "libertadores" e a vergonhosa usurpação de poder perpetrado hoje no hemiciclo da Assembleia Nacional Popular
(ANP), por parte dos pigmeuzinhos deputados do PRS, em conluio com alguns "traidores" (LER), apreciando e rejeitando ilegalmente o Programa de Governo (LER), são sinais de bastante preocupação sobre o estado doentio da nossa frágil Democracia.
Há uma clara divisão no país, desde logo
aqueles que apoiam a decisão oficial do partido no poder que, por incumprimento
da disciplina partidária, expulsou quinze dos seus deputados, os que se solidarizaram
com estes defendendo a sua continuidade e, concomitantemente, a demissão do
Engenheiro Domingos Simões Pereira, somando a ingerência das forças armadas nos assuntos políticos (LER) e a arbitrária posição do Presidente da República, que coloca a Guiné-Bissau
num pântano de incerteza governativa.
A culpa de todo este desnecessário imbróglio é, sem margem de dúvida, do Presidente da República, que não tem arcaboiço político para exercer condignamente o cargo do primeiro magistrado da nação,
interferindo de forma sistemática e tendenciosa na governação do país (LER).
Em vez de ser factor de coesão nacional, tal como jurou fazer nos
termos da Constituição, optou pelo caminho do cinismo, nepotismo, intriga, vingança e perturbação
do regular funcionamento das instituições democráticas. Por ambição pessoal está a hipotecar o futuro coletivo
dos Guineenses, arrastando decisivamente o país para uma
sedição de contornos imprevisíveis.
As deliberações tomadas hoje na Assembleia
Nacional Popular (ANP) são manifestamente nulas (LER). Não terão quaisquer efeitos jurídico-práticos.
Resta, pois, ao Presidente da República (se tiver ainda algum decoro) dissolver
o Parlamento e convocar eleições antecipadas, devolvendo novamente a palavra ao
povo e, de caminho, resignar ao cargo para o qual, infelizmente, foi eleito. Só
assim estarão criadas as devidas condições para ultrapassar definitivamente
este impasse político-governativo que assola o país e consequentemente reforçar
a legitimidade dos órgãos de soberania.