«Num mundo em que as mulheres, apesar dos obstáculos
que a sociedade lhes coloca, têm marcado presença em todos os campos: científico,
económico, político, desportivo, da comunicação social. Não entendo porque se
arrasta o debate sobre esta questão. Ainda não há muito tempo, os defensores do
conservadorismo recusavam dar estudos às raparigas; exactamente os mesmos que,
hoje, põem as filhas nas melhores escolas, para assegurarem o seu futuro.
Combateram a instalação de antenas parabólicas [acusadas de levar a imoralidade
para dentro de casa]; hoje, servem-se dos canais por satélite para transmitir
os seus discursos pelo mundo. Advertiram contra os efeitos nocivos dos
telemóveis; a maioria usa-os. São as mesmas pessoas que persistem em manter na
lista negra (…), usando argumentos religiosos e alegando que isso levará a
família saudita à destruição e a sociedade à perda. Segundo eles é uma heresia
um homem e uma mulher sem vínculos de casamento ou de família ficarem sozinhos.
Isso não os impede de empregar um motorista [frequentemente paquistanês] para
levar a esposa ou as filhas à escola, à faculdade, ao emprego, a visitar
parentes ou as compras…[1]»