A Igualdade Diferenciada (5), por Akram Khoja


«Num mundo em que as mulheres, apesar dos obstáculos que a sociedade lhes coloca, têm marcado presença em todos os campos: científico, económico, político, desportivo, da comunicação social. Não entendo porque se arrasta o debate sobre esta questão. Ainda não há muito tempo, os defensores do conservadorismo recusavam dar estudos às raparigas; exactamente os mesmos que, hoje, põem as filhas nas melhores escolas, para assegurarem o seu futuro. Combateram a instalação de antenas parabólicas [acusadas de levar a imoralidade para dentro de casa]; hoje, servem-se dos canais por satélite para transmitir os seus discursos pelo mundo. Advertiram contra os efeitos nocivos dos telemóveis; a maioria usa-os. São as mesmas pessoas que persistem em manter na lista negra (…), usando argumentos religiosos e alegando que isso levará a família saudita à destruição e a sociedade à perda. Segundo eles é uma heresia um homem e uma mulher sem vínculos de casamento ou de família ficarem sozinhos. Isso não os impede de empregar um motorista [frequentemente paquistanês] para levar a esposa ou as filhas à escola, à faculdade, ao emprego, a visitar parentes ou as compras…[1]»


[1] Akram Khoja, in Revista Courrier Internacional, Lisboa, p. 36, Edição, Julho 2016, Número 245.