A Guiné-Bissau é um país fracassado a todos os níveis.
Vive inveteradamente pelas ruas da amargura. Nunca teve, desde a sua História
de autodeterminação, responsáveis políticos à altura do exigente desafio
governativo. Foi sempre conduzida por pessoas medíocres e manchadas pela
corrupção e crimes de sangue (LER). A
arbitrariedade, o nepotismo, o clientelismo, a obstrução da legalidade, o abuso
de poder, o revanchismo e a impunidade são vícios arreigados que, para nossa
infelicidade colectiva, caracterizam o destino funesto do país. Os órgãos de
soberania são instrumentalizados, tornando-se reféns de interesses assombreados
de uma certa minoria que presunçosamente fazem e desfazem a seu bel-prazer a Res
Publica.
Tanto o Partido Africano para a Independência da Guiné e
Cabo Verde (PAIGC), o Partido da Renovação Social (PRS) e alguns dos demais
partidos políticos, que proliferam galopantemente na nossa praça, são todos uma
fraude. Não têm arcaboiço político suficiente para colocar o país na senda do
desenvolvimento. Estão mais fascinados pelos benefícios egocêntricos do poder
do que propriamente com a miséria gritante que afecta drasticamente os guineenses.
Somente pensam em chegar a todo o custo ao poder, mesmo que seja por meios
fraudulentos, para enriquecer o mais rápido possível. Não sabem viver sem o
poder. Têm-no como único reduto para suster os seus desenfreados
apetites.
A persistente crise institucional que opõe os órgãos de
soberania e partidos políticos podendo, inclusive, deteriorar ainda mais o já
dolente e inabilitado estado do país é o reflexo manifesto de tudo o que
acabamos de sustentar. Temos um pigmeuzinho como Presidente da República, que
desconhece absolutamente as suas atribuições constitucionais e um dos factores
de instabilidade no país (LER), bem
como uma Assembleia da República completamente descaracterizada do seu
substrato. Deputados sem escrúpulos, para não dizer outra coisa, que vivem à
mercê de circunstancialismos e favorecimentos. Um Governo demissionário,
composto por fraldiqueiros que tão bem conhecemos de outros carnavais, somando
ainda um licencioso poder judiciário susceptível de ser peitado a troco de um
bom “suku di bás” para adulterar a Justiça. Todos estes pejorativos
adjectivos aplicam-se na perfeição à nossa insubordinada classe castrense. Estamos
desgraçadamente entregues, sem margem de dúvidas, a embusteiros e traidores da pátria.
Se isso, portanto, é a "nação" ou
a "independência", que a maioria dos guineenses orgulha, não
contem comigo. Estou fora. Mesmo fora. Roubem-me o esforço e a tranquilidade; a dignidade e o bom senso é que não (LER)!