Celebra-se no dia 25 de Dezembro em todas as Igrejas Cristãs
do mundo o nascimento de Jesus Cristo (excepto a Igreja Ortodoxa Russa e a Igreja Copta, que comemoram
a data no dia 7 de Janeiro). E nós, na qualidade de Cristãos Evangélicos que
somos, não podemos ficar indiferentes perante este evento tão nobre e marcante
na história da Humanidade, que assinala a vinda do Messias prometido ao mundo (Isaías 9:5-6; Miqueias 5:1-6 e tantas outras
passagens que apontam neste sentido no livro de Salmos).
Não obstante as inúmeras divergências doutrinárias patentes
no mundo cristão concernente à operação do processo de salvação que DEUS
realizou através do Seu Filho Unigénito, não deixa de haver uma unanimidade e
convergência no que diz respeito à esperança trazida ao mundo com o natal de
Jesus Cristo. Ora, é sobre este ponto que focalizaremos a nossa abordagem.
De facto, natal representa tudo para a raça humana decaída,
na medida em que, através dele, o homem voltou a reencontrar-se com o seu
Criador depois do acto da desobediência no jardim do Éden, que resultou na
queda e perda significativa da glória da sua criação (Génesis 3: 16.19).
Contrariamente ao que se esperava, a mensagem do Evangelho - A Boa Nova da
Salvação - trazida com a encarnação de Jesus Cristo ao mundo, acabou por ser
motivo de divisão entre os homens, tal como ficou expressamente dito na
afirmação do Profeta Simeão, apelidado como "justo
e muito piedoso que esperava a consolação de Israel”, depois de se ter encontrado
com o menino Jesus, que tinha sido levado pelos pais pela primeira vez ao templo para ser apresentado de acordo com a tradição
judaica. (Evangelho s. Lucas 2:25).
Para o Profeta de DEUS, Jesus Cristo será "a luz de revelação para os pagãos e
glória para Israel; e para muitos em Israel motivo de ruína ou salvação" e
por fim, "sinal de divisão entre os homens, para revelar os pensamentos
escondidos de muitos" (Evangelho s. Lucas 2:32; 34:35). Com esta
afirmação, sobressai aqui claramente a dicotomia que assistirá Jesus Cristo em
todo o Seu percurso e ministério terreno: desde logo dividiu o curso da
história humana, não só do ponto de vista secular, tal como a conhecemos, mas
também do ponto de vista espiritual dando início ao cumprimento da tão
aguardada promessa abraâmica e davídica (Génesis 12:3; 2 Samuel 7:1-16),
e estabelecendo consigo o pacto da Nova Aliança de DEUS, através da Sua vinda
ao mundo, morte e ressurreição, passando a ser a figura central do período Vetero-testamentário
e o Novo-testamentário.
Com efeito, tudo isto de uma certa forma, vai condicionar
decisivamente todo o seu percurso terreno, fundamentalmente no que toca à sua
aceitação e ao mesmo tempo a rejeição pelos pecadores, profetizado por Simeão. O
Apóstolo Pedro foi ainda mais longe em demonstrar esta dicotomia de Jesus,
referindo-O como sendo a "Pedra
principal do edifício, pedra escolhida e de muito valor; e quem acreditar nela
não será desiludido". E para os crentes "esta pedra é de grande
valor, mas para aqueles que não crêem, tornou-se pedra de tropeço e rocha de
ofensa" (1 Pedro 2:7-8). E a mesma ideia foi igulmente seguida pelo
Apóstolo Paulo na sua Epístola aos Romanos
9:33.
O próprio Jesus Cristo no auge do seu ministério, depois de
tantas resistências e oposições que teve dos escribas e doutores da lei (fariseus), reconhece de
forma clara o antagonismo que a Sua vinda ao mundo implicava, uma vez que não
pensem, disse ele, “que vim trazer a paz
à Terra. Não vim trazer a paz, mas a guerra. Vim, de facto, trazer a divisão
entre filho e pai, filha e mãe, nora e sogra: os inimigos de uma pessoa serão
os da sua própria família” (Evangelho s. Mateus 10:34-36; Lucas 12:49-53).
Interpretando o alcance desta afirmação de Jesus, o reconhecido Biblista
Matthew Henry, depois de uma exaustiva explicação dos referidos versículos,
nota que o “efeito da pregação do
Evangelho não é culpa do Evangelho, mas daqueles que não o recebem. Quando
alguns crêem nas coisas que são ditas, e outros não, a fé daqueles que crêem
condena aqueles que não crêem, e, portanto, nós temos um inimigo contra aqueles
que crêem”.
Evidencia-se assim, uma renúncia total do crente de tudo que
são os valores matérias/terrenos bastantemente enfatizado no nosso mundo de
hoje e apegar-se única e exclusivamente a Palavra de DEUS; bem como consciencializar-se
dos desafios e a batalha espiritual que lhe espera como fiel seguidor de
Cristo, contra todos os poderes e autoridades, que dominam este mundo de
escuridão, e contra os espíritos do mal, que não se vêem (Efésios 6:12). E justamente por essa razão, que a mensagem de
Jesus não só é de divisão, mas também de permanente batalha espiritual.
Acontece, infelizmente - para desgraça de todos os ímpios - que o Messias prometido acabou por ser rejeitado pelos homens (Evangelho s. João 1:10-11). Basta
pensarmos na oposição que a Sua mensagem suscitava
perante os seus ouvintes, persistindo ao longo da história até aos nossos dias,
para concluirmos que de facto Ele nunca foi bem recebido como era de esperar:
Uns ouvem a Sua preciosa palavra e reagem com total desprezo e descrença a ela,
como é o caso bem representado pelo rei Herodes, aquando do Seu anúncio de
nascimento e os demais incrédulos ao longo dos tempos (Evangelho s. Lucas 2. 3-6; 2:13); outros ouvem-na com muito bom
agrado e procuram corresponder os desafios dela a sua vida prática, como é caso
dos pastores de Belém, os magos de oriente e os restantes dos Seus fies
seguidores (Evangelho s. Lucas 2:1-2;
11).
Jesus Cristo veio ao mundo porque ama e preocupa com a
salvação de cada ser humano, independentemente da sua condição de vida (João
3:16). Se não fosse essa razão, jamais teríamos o natal e permaneceríamos nos
nossos deleites e pecados, que nos sentenciaria em última instância a morte,
uma vez que "o salário do pecado é a
morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso
Senhor" (Romanos 6:23). Mas DEUS, no Seu divino e infinito amor,
entendeu que não deveria desamparar o homem, concedendo-lhe a graça, o perdão e
a reconciliação com Ele, através do nascimento de Jesus Cristo (Romanos 5.10.11, 11.15; II Coríntios 5:18).
Por isso, é importante ponderarmos seriamente nestas
verdades, e não nos deixemos enganar com as astúcias e artimanhas que temos assistido
nesta quadra. Somos todos desafiados, a procurar corresponder a verdadeira
essência da mensagem de natal, tal como ficou supra mencionado. E tudo isto
passa por, em primeiro lugar, confiarmos inteiramente as nossas vidas a Jesus
Cristo e a Sua santa Palavra. Só assim poderemos usufruir na íntegra a dádiva da
salvação concedida com o nascimento de Jesus, que é a salvação de todo aquele que Nele crer.
Que assim seja!