"(...) Que és Tu, Senhor, o que És? Que entenderá de Ti o meu coração? Sem dúvida, Tu És a vida, És a sabedoria, És a verdade, És a bondade, És a beatitude, És a eternidade e És o verdadeiro bem. São muitas coisas e o meu estreito intelecto não pode por uma só intuição abranger simultaneamente tanto para, com tudo isso, simultaneamente deleitar-se. Como És todas estas coisas? Porventura são partes de Ti ou antes cada um destes atributos é tudo o que Tu És? Com efeito, tudo o que é constituído de partes não é completamente único mas é, de certo modo, vários e diferente de si próprio e pode ser dividido, ou de facto, ou mentalmente, pelo intelecto. Tudo isto Te é alheio a Ti, melhor do que o qual nada pode ser pensado. Portanto, não há em Ti quaisquer partes, Senhor, nem És vários mas És de tal forma algo uno e o mesmo para Ti próprio, que em nada És diferente de Ti próprio; pelo contrário, Tu És a própria unidade não divisível por qualquer intelecto”.
(Trad. Costa Macedo, Porto, Porto Editora, 1996, pp. 33-34).