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De tempos para cá que a Guiné-Bissau foi entregue à sorte da
deriva total, completamente impotente para reverter o quadro do abismo profundo
que o país lentamente está a caminhar. Perdemos a soberania que outrora serviu
de pretexto para desencadear a luta de libertação nacional, simultaneamente com
a independência financeira, sujeitando-nos às disposições e imposições dos países
terceiros, somando a descaracterização identitária da nossa sociedade e da
completa inversão dos valores que noutros tempos eram inquestionáveis.
Como consequências desta desastrosa governação do povo
Guineense o país ficou reduzido ao vexame internacional e ao aumento dos
flagelos sociais, a começar com a guerra, a subnutrição, as doenças e a pouca
esperança de vida dos seus cidadãos.
Neste momento urgem-se três pertinentes desafios à
Guiné-Bissau, com vista a libertar-se definitivamente das sucessivas
instabilidades governativas, que se têm instalado ininterruptamente no país, e
a alcançar o real desenvolvimento. Primeiro, é extremamente importante
regressar à legalidade Constitucional através de um regrado processo de
eleições e, consequentemente, devolver a credibilidade do país perante os
parceiros internacionais, desbloqueando assim o impasse e as sanções
político-económicas que a Guiné-Bissau está condicionado desde o último golpe
de estado; segundo, pôr cobro à insubordinação dos militares através de
mecanismos exequíveis de consolidação da tão propalada restruturação das forças
armadas – o foco de toda a instabilidade do país; por fim, e em terceiro lugar,
responder positivamente aos desafios presentes da democracia, o que por sua vez
se vai traduzir no respeito pelos direitos fundamentais e pelo regime da
separação de poderes.
Concretizando estes desafios na prática estamos em condições
necessárias para construir um caminho fiável de progresso e de rápido
desenvolvimento sustentável a curto, médio e longo prazo, tendo como finalidade
última a melhoria das condições de vida para o povo Guineense em geral.
São estas grandes questões nacionais, a meu ver, que os
candidatos às eleições deveriam colocar nas suas agendas políticas e trazê-las
ao debate público, não aventurando-se em raciocínios falazes, que não passam
mais di kafumban!
Espero sinceramente que DEUS ajude o nosso amado país a erguer-se,
e poder realizar este tão nobre desígnio nacional, para a felicidade e o
bem-estar de todos nós, guineenses.