O Mistério do Natal


Apesar do nascimento do Senhor Jesus Cristo encarnar a mensagem de Paz, Amor, Alegria e Reconciliação com os pecadores, destituídos da glória da sua criação, tais imerecidas dádivas divinas não foram bem acolhidas no seio dos humanos. 

A peregrinação do Filho de DEUS neste vale de lágrimas, para salvar a Humanidade, foi de uma completa insensibilidade a todos os níveis. Ninguém se disponibilizou para hospedá-Lo em sua casa, tanto que, por esta razão, foi obrigado a nascer em situações extremamente precárias, "porque não havia lugar para eles na estalagem" (S. Lucas 2:7). Veio para o que era seu, escreve o Evangelista João, e os seus não o receberam (S. João 1.11). Viveu assim, de forma desprezível pelos homens, até ao fim da Sua vida na horrenda cruz de Calvário (S. Marcos 15:33-41). O Filho do Todo-poderoso DEUS, criador e sustentador de todas as coisas, não teve lugar para nascer e morar como qualquer outro ser humano. Nasceu fora da porta da cidade e foi crucificado fora da porta da cidade (Hebreus 13:12). 

E o próprio, já em idade adulta, vai reconhecendo esta manifesta verdade no Seu percurso de vida: "As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça" (S. Mateus 8:20). O Senhor Jesus foi bastante marginalizado durante todo o Seu ministério terreno. Sofreu tanta oposição dos homens (Hebreus 12:3). Era tratado sem nenhuma consideração (Isaías 53:3). 

Com efeito, tal triste realidade persisti até aos nossos dias coevos, com agravantes preocupantes do ponto de vista espiritual. E tudo isto nos deve remeter para um juízo objectivo sobre adulteração do conceito do Nascimento do Senhor Jesus Cristo. As pessoas celebram o Natal, mas não querem nada com ELE. Ponham-No de parte em suas vidas. Foi sempre assim desde os primórdios do Cristianismo, infelizmente. Para o Salvador do mundo, Aquele para quem todas as coisas foram criadas (Colossenses 1:16), não há lugar nos corações dos pecadores. Mereceu apenas desdém dos homens. 

Tal como regista o papa Bento XVI, "desde o seu nascimento, Jesus não pertence àquele ambiente que, aos olhos do mundo, é importante e poderoso; e contudo é precisamente este homem irrelevante e sem poder que Se revela como o verdadeiramente Poderoso, como Aquele de quem, no fim de contas, tudo depende" (Joseph Ratzinger, in Jesus de Nazaré [A Infância de Jesus], 2012, Principia, Cascais, p. 60). Da mesma sorte, os Cristãos são desafiados a sair do âmbito daquilo que todos pensam e julgam como melhor ou ideal, mormente dos padrões predominantes do mundo, para encontrar a luz divina que conduz à salvação. 

Não obstante toda esta incredulidade em torno da Sua missão redentora, a Sua eterna promessa contínua firme para com a Humanidade perdida: "Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome" (S. João 1:12). O autêntico Natal é hospedar o Senhor Jesus nos nossos corações e consequentemente beneficiar da maravilhosa dádiva da salvação. Que assim seja.