Falava há dias com o meu germano, Economista
de profissão, Roberto Vieira (LER), na sua recente passagem aqui por
Lisboa sobre o diferendo grego com os credores internacionais (LER). A determinada altura disse-me, de
forma peremptória, que o impasse em apreço deveria servir de lição para os
africanos, no sentido de não continuar a depositar cegamente as suas esperanças
nos europeus, americanos e muito menos em países/instituições estrangeiras, para
resolver os seus problemas de desenvolvimento sustentável. Isto porque, dizia
ele, ninguém dá nada a ninguém sem qualquer contrapartida. Se os europeus estão
a ser demasiados inflexíveis e extremamente exigentes do ponto de vista solidário
com um dos seus, a Grécia (LER), quanto mais quando se trata de um estranho, rematava.
Esta pertinente afirmação despertou-me bastante
atenção. Fez-me pensar seriamente na exacerbada dependência dos africanos para
com os parceiros europeus e americanos, julgando, equivocamente, que a resolução
dos nossos reais problemas está com eles. Ninguém vai resolver as nossas
dificuldades governativas se não formos capazes de saneá-las com as nossas próprias capacidades.
Se os europeus e americanos estivessem assim tão interessados em ajudar-nos há
muito que os problemas da guerra, fome, mortalidade materno-infantil, doenças
infecto-contagiosas etc., teriam sido minimizados ou até mesmo banidos do
Continente Negro. Por que razão continuamos ainda afectados com estas
calamidades públicas? Uma boa questão que deixo para reflexão dos leitores.