Estive, no dia 04 do
corrente mês, a pregar no culto da manhã na Igreja Cristã Evangélica Unida
(ICEU). O texto bíblico que usei no sermão foi o do Evangelho Mateus 6:1-15,
com ênfase mais acentuado na "Oração do Pai Nosso" – uma das passagens mais conhecidas e memorizadas pelos Cristãos ao longo dos tempos.
Realcei a importância de
adoptarmos uma espiritualidade de descrição, evitando o pecado da hipocrisia,
somente para ser elogiada pelos homens. Tal postura não deve, em circunstância alguma,
ser a de um devoto Cristão, mormente quando damos a esmola ou estamos em
momentos de oração com DEUS. Caso contrário, a pessoa já recebeu a sua
recompensa. Aqui a palavra recompensa tem uma conotação pejorativa, uma vez que
não tem qualquer tipo de valor espiritual.
Além da advertência que o
Senhor Jesus fez sobre o risco da ostentação que consubstancia o testemunho da
falsidade e a sua nefasta consequência (Mateus 6:1-4; 23:14; 33), aproveitou
ainda a ocasião para aconselhar os seus discípulos sobre as vãs repetições que
são feitas nas orações, tal como fazem os gentios que se desdobram num
infindável palavreado, julgando que é por muito falarem que serão mais
facilmente ouvidos. Jesus corrigiu esse equívoco com base na omnisciência de
DEUS, realçando que o nosso Pai Celestial sabe muito bem o que precisamos,
antes de lho pedirmos. E de seguida, ensinou-lhes a forma mais correcta de orar,
naquilo que ficou conhecido como a "Oração do Pai Nosso".
É uma Oração que serviu e deve
servir de modelo para todos os Cristãos de todos os tempos e épocas: tantos dos
que existiram, existem e existirão. Obviamente, não somos obrigados a adoptá-la
literalmente em todas as preces que fazemos diariamente, até porque o Messias
não a seguiu à risca na Sua Oração Sacerdotal em Evangelho João 17:1-26, e
muito menos quando estava angustiado no Getsémani (Mateus 26:39-46; Marcos 14-32-42;
Lucas 22:39-46), bem como os demais apóstolos. E mais, somos posteriormente ensinados pelo próprio Senhor
Jesus a orar e pedir ao Pai em Seu nome (João 14:13). Um importante pormenor
que a "Oração do Pai Nosso" não contem. Não sabemos por que razão terá Jesus omitido
este relevante pormenor. No entanto, de uma coisa temos a certeza absoluta: a "Oração do Pai Nosso" serve apenas de bitola para as nossas incessantes orações.
Nesta famosa Oração, Jesus
evidencia seis pertinentes verdades, das quais as três primeiras relacionam-se
exclusivamente com DEUS, desde logo (I) Ele é o nosso Pai Celestial que está
assentado nos mais altos dos céus e o Seu nome é, deve e merece ser
Santificado; (II) É benéfico para a Humanidade que o Seu Reino venha e domine
toda a Terra; Da mesma sorte, (III) que a Sua perfeita vontade prevaleça no
seio dos pecadores, tal como acontece no Céu. Depois disso, as últimas três
verdades centralizam-se nos desafios e anseios que afectam o homem no seu
percurso normal de vida, nomeadamente (IV) a concessão do pão diário; (V) o
perdão dos seus pecados, como também ele perdoa aqueles que lhes insultam, magoam
e querem a sua desgraça ou, porventura, possam ter alguma dívida pecuniária com
ele e não têm condições financeiras suficientes para lhe saldar (Mateus
18:23-35 [LER]); e, por fim, (VI) não lhe deixar cair
em tentação, mas livrá-lo de todo o perigo e mal que possa eventualmente surgir
pelo caminho, "pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém", culmina
assim a "Oração do Pai Nosso" com esta grande doxologia.
Destaquei, ainda, na
pregação a importância de louvarmos e adorarmos a DEUS nas nossas orações,
através dos seus excelentes atributos, antes de avançar para qualquer tipo de pedido
formal que tenhamos. Infelizmente, a prática generalizada no meio Cristão é no
sentido contrário, ou seja, as orações que fazemos, do início ao fim, prendem-se
mais com as nossas inquietações do que com o reconhecimento primeiro a DEUS,
por Aquilo que É e fez por nós, sobretudo a maravilhosa dádiva da salvação que
nos outorgou. Seguindo na mesma senda, explorei a primazia que a vontade de DEUS
deve merecer no testemunho Cristão. Sabermos ter, acima de tudo, bastante
discernimento para compreender, e concomitantemente aceitar de muito bom grado
aquilo que DEUS quer e requer para a nossa vida. E a vontade de DEUS consiste
em vivermos de acordo com a Sua Santa Palavra, e amar o nosso próximo como a
nós mesmos. Encarnando esta sublime Verdade da salvação isto, certamente, habilitar-nos-á
a perdoar aqueles que nos ofendem, seguindo o máximo exemplo do Senhor Jesus
Cristo (Lucas 23:34).
A autenticidade de um
crente apura-se na forma peculiar como se relaciona com os seus semelhantes,
especialmente com os seus inimigos. Se uma pessoa diz que é Cristão e não tem a
capacidade de amar os seus inimigos é sinal que nunca chegou a ser salvo, mas
sim se auto-intitulou de "Cristão" e sem produzir os frutos do Espírito (Actos
26:20; Gálatas 5:22). Pelos frutos os conhecereis, encerra peremptoriamente
Jesus. "Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois
quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?" (1 João 4:20).
Portanto, "aquele que ama a Deus deve também amar o seu irmão".
Quem é amado e perdoado por
DEUS, manifestamente reflecte esse grande amor e perdão no trato normal que
desenvolve com os seus semelhantes, amando-os e perdoando-os em tudo. É a autêntica
marca visível da salvação, caso contrário a pessoa não passa de um filho da
perdição. Agora é claro que não é pelo facto de amarmos as pessoas que vamos
julgar automaticamente que somos salvos. Não. Somos salvos única e
exclusivamente pela graça redentora de DEUS. Com efeito, amar ao nosso próximo
e cultivar a postura permanente de perdão (Mateus 18-21-22), independentemente
da dívida ou ofensa em apreço, apenas comprova e demonstra o milagre do novo
nascimento que foi operado em nós.
Terminei assim, de forma
exortativa, a pregação. Foi, de facto, um dia bastante abençoado na preciosa
comunhão dos meus prezados irmãos da Igreja Cristã Evangélica Unida em Queluz
(ICEU). A começar com os magníficos cânticos que foram entoados, os belíssimos
hinos de adoração e partilhas que aconteceram durante o acto do culto, foi tudo
edificante.
Já estive a colaborar com a
mesma igreja em diversas ocasiões, inclusive a fazer estudos com os jovens. É sempre
bom visitar outras congregações e celebrar a DEUS num registo um pouco
diferente daquilo a que estamos, tradicionalmente, habituados. Mudar de vez em
quando de ambiente faz sempre bem. Gostei imenso da experiência que tive com os
irmãos ali, razão pela qual agradeço-lhes profundamente a inteira confiança que
depositam em mim, especialmente de me conferir a excelente oportunidade de
partilhar, com eles, a Palavra de DEUS. O meu muito obrigado por tudo, e que
DEUS grandemente vos abençoe e continue a confirmar a vossa fé em Jesus Cristo.
Amém.