CONSIDERAÇÕES PASCAIS (3): A Teologia da Salvação


A promessa dada ao patriarca Abraão teria apenas a concretização com a vinda, morte e ressurreição do Senhor Jesus Cristo na cruz do Calvário, razão pela qual a história de ambos se entrecruza e apresenta similitudes. Desde logo, as duas proeminentes figuras bíblicas foram instrumentos usados por DEUS para resgatar a Humanidade outrora perdida pelo pecado original (Génesis 3:1-24)

Tal como Abraão foi desafiado para se dirigir ao "Santo Monte" e ali sacrificar o seu único filho, assim foi com Jesus em relação à sua vida. Tanto um como o outro correspondeu, sem margem de dúvida, à solicitação divina. Abraão fez-se acompanhar, para a viagem, dos seus dois servos. Da mesma sorte Jesus levou com ele os seus discípulos e durante o percurso granjeou outros peregrinos, que também seguiam rumo a Jerusalém para assistir à Páscoa dos Judeus. Na sua oração em Getsémani, momentos antes de ser preso, já apenas com os seus restritos discípulos, levou consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu (Mateus 26:37), equivalendo deste modo o mesmo número de pessoas que cercava Abraão na viagem (Génesis 22:3). 

Nas duas misteriosas histórias o burro esteve presente. Abraão viajou para o local de burro e Jesus entrou triunfalmente em Jerusalém montado num burro. O patriarca Abraão levou apenas o seu filho Isaque para "o lugar de adoração", que que iria servir para a oblação. O Senhor Jesus, nos momentos cruciais, esteve praticamente sozinho. No primeiro momento, ainda em Getsémani com os discípulos, o Evangelista Lucas regista que "afastou-se deles a uma curta distância e, pondo-se de joelhos" a orar (Lucas 22:41 ; Mateus 26: 39). No segundo momento, depois de ter sido preso, foi desamparado até à Sua horrenda morte na cruz (Mateus 26:31-32). E mais, Abraão somente viu o lugar que DEUS lhe havia indicado já no terceiro dia de viagem. O Senhor Jesus, segundo as Escrituras, ressuscitou ao terceiro dia (Lucas 24:46)

O patriarca Abraão e o Senhor Jesus representam o pacto de DEUS com a Humanidade, bem como a sua concretização holística. Podemos apenas salientar uma única diferença substancial neles: foi com Jesus que fomos definitivamente justificados e passámos a ter paz com DEUS (Romanos 5:1-2) que, aliás, é o único que dispõe desse poder remidor. Com a vida e obra do Messias prometido, o Todo Poderoso DEUS honrou dignamente a Sua sagrada promessa. 

Resta, pois, a cada um de nós, cumprir, igualmente, com a sua parte neste admirável processo da salvação. Somos todos desafiados, sem excepção, pelas Escrituras Sagradas, a subir ao "Santo Monte" e ali oferecer o nosso sacrifício vivo, santo e agradável ao eterno DEUS (Romanos 12:1). Sacrifício que deverá traduzir o genuíno arrependimento, conversão, contrição e santificação (Actos 26:20), fazendo com que "cheguemos à unidade da fé e ao pleno conhecimento do Filho de Deus, ao homem adulto, à medida completa da estatura de Cristo" (Efésios 4:13). Amém.