II. A Injustiça. O Senhor Jesus Cristo ao ser
traído, por tudo e todos ao Seu redor, abriu portas para ser, concomitantemente,
objecto de inauditas arbitrariedades por parte dos homens que detêm a verdade
em injustiça (Romanos 1:18). O processo acusatório que incidia sobre Ele, de
início ao fim, estava completamente viciado. A forma como foi preso e
sentenciado é o exemplo manifesto disso. Não havia nenhum crime que o Filho do
Homem praticasse que justificasse a condenação à morte (Isaías 53:9), tal como o próprio Pôncio Pilatos
reconheceu depois de interrogá-Lo (João 18:34-35). A Mensagem que Ele encarnava
e proclamava não representava qualquer tipo de ameaça real contra as
autoridades vigentes. Mesmo assim o sinédrio, em conluio total com a turba
ululante e com a aquiescência do sanguinário governador romano (Lucas 13:1), declarou Jesus
culpado de blasfémia contra DEUS, e, consequentemente, condenou-O à pena capital (Mateus 26:65-66; Marcos 14:63-64), contra
todas as evidências legais. Aquele que nunca conheceu o pecado (2 Coríntios 5:21), o Justo Filho
de DEUS, foi reduzido a um marginal. E assim, a mentira triunfou
momentaneamente sobre a Verdade. O mal silenciando o Bem. O ódio ofuscando o Amor. Somente por três dias.
III. Humilhação. Quando a injustiça reina nos
corações das pessoas elas passam a ser capazes de praticar as piores barbáries,
que excedem a lógica da razão. Foi o que aconteceu no caso particular do Senhor
Jesus. Desde o Seu despótico julgamento, ferido de tremenda ilegalidade, até a Sua crucificação no Gólgota, foi exposto ao opróbrio, tendo
sido injuriado, cuspido no rosto, dado punhadas, enquanto outros o esbofeteavam
lançando, inclusive, sorte sobre as suas vestimentas (Mateus 26:67-68), sendo
que até um dos incriminados troçava dele (Lucas 23:39). O autor sagrado regista
que "os soldados entrelaçaram uma coroa de espinhos que puseram na cabeça de
Jesus. Depois colocaram-lhe aos ombros um manto vermelho. Aproximavam-se e
faziam pouco dele: «Viva o rei dos judeus!» E davam-lhe bofetadas" (João
19.1-3). Uma passagem bíblica, que se coaduna com a profecia sobre a condição
terrena do Servo Sofredor (Isaías 53:1-12). Este sofrimento e tremenda humilhação,
a que foi sujeito, encerra a Verdade central do Evangelho: A salvação da
Humanidade pecadora. O Senhor Jesus abdicou, em primeiro lugar, da Sua natureza
divina e tomou a forma de escravo, "tornando-se igual aos homens. E,
vivendo como homem, humilhou-se a si mesmo, obedecendo até à morte, e morte
na cruz" (Filipenses 2:5-8). Viveu como escravo e acabou como escravo,
encarando tudo isto com bastante determinação, com vista a honrar a vontade de
DEUS. Aquele que é o obreiro de todas as coisas, o Alfa e o Omega (Colossenses
1:13-18), a humildade em pessoa (Mateus 11:28), agora é reduzido a
insignificância como se de um qualquer tratasse, por causa do Seu amor
incondicional que nutre pela Humanidade.
IV. A Morte. Chegado ao ponto decisivo da Sua missão
salvífica, que é a inevitável morte que Lhe esperava dentro de algumas horas, o
Senhor Jesus manteve-se sereno até ao fim. Não cedeu às provocações e tentações
que estava a ser objecto na cruz (Marcos 15:29-32). Resistiu na força do
Espírito Santo, tal como aquando da Sua tentação no deserto (Mateus 4:1-11).
Não se distraiu uma única vez do Seu verdadeiro intento. Teve ainda a
amabilidade de pedir ao Pai para perdoar aqueles que estavam a trespassar
(Lucas 23:34), sendo coerente com a mensagem do perdão que sempre pregou,
sobretudo a de não pagar o mal com o mal e amar os inimigos, independentemente
das circunstancias favoráveis ou adversas a que se possa estar circunscrito (Mateus
5:41-44). É nesta postura de amor incondicional, que clamou com grande brado,
dizendo: "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto,
expirou" (Lucas 23:46). Com a morte de Jesus estava assim tudo consumado (João
19:30). Em consequência deste desfecho auspicioso, "o véu do templo se rasgou
em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras. E
abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos, que dormiam, foram ressuscitados" (Mateus 27:51-52; Lucas 23:45) culminando na barreira que separava o Eterno
DEUS dos humanos, bem como a instauração de uma nova ordem de relacionamento
entre ambos, graças à expiação do Senhor Jesus Cristo na cruz do Calvário.
Por isso, não se pode falar de todos estes
vexames que evidenciamos e a série de outros que não foram aqui enumerados sem falar,
acima de tudo, da ressurreição do Filho de DEUS. Depois de três dias retido na tumba Ele ressuscitou com força e poder (Mateus 28:1-10; Marcos 16:1-8; Lucas
24:1-12; João 20:1-10), apresentando-se com provas irrefutáveis (1 Coríntios
15:5-8). Sem a ressurreição do Senhor Jesus Cristo, tal como expressamente
sustenta o Apóstolo Paulo, é vã a nossa fé (1 Coríntios 15: 12-18). A fé Cristã
está alicerçada na morte e ressurreição vitoriosa de Jesus, porque Ele ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem (1 Coríntios
15:20). A dolorosa via-sacra que teve que suportar até a cruz do Calvário passou agora a
ser o caminho aconchegado do Perdão, do Amor, da Paz, da Reconciliação, da Esperança
e da Vida Eterna em Cristo Jesus nosso Eterno Senhor e Salvador. Aleluia!