A Guiné-Bissau é um país de fanatismo e
paradoxos. Encerra estes dois males em todas as vertentes da vida
sociopolítica (LER),
sem se dar conta disso. Confunde-se, tão facilmente, o fanatismo com o
patriotismo. A convergência exacerbada em torno da selecção
nacional, os Djurtus, sobre a sua primeira participação no
Campeonato Africano das Nações (CAN), é
o exemplo manifesto da deriva colectiva a que estamos reduzidos pelos
nossos (des)governantes ao longo dos anos.
Quem, no seu perfeito juízo, conceberia que
o país no momento caótico em que se encontra estaria a gastar rios
de dinheiro para apoiar a selecção (ALI) e (AQUI)? Porquê
que parte significativa deste avultado valor monetário não é canalizado
para os nossos degradados hospitais e escolas? Será que o
desenvolvimento da Guiné-Bissau passa pelo futebol? Vamos, porventura,
resolver os reais problemas do país com o CAN? Obviamente que as respostas a
estas perguntas não poderiam ser mais do que negativas.
O mais ridículo de tudo isto é o espectáculo,
sem precedente, em torno da momentânea competição como se fosse o fim do
mundo. Era escusado toda essa efusiva manifestação descomedida em torno da
selecção, visto que estamos a viver um dos momentos mais dramáticos da nossa
história democrática. Ninguém sabe ao certo o que poderá acontecer ao país nos
próximos dias/tempos. Estamos completamente votados ao pântano das
incertezas…
E mais, porquê que toda essa "energia
contagiante" a volta da selecção nacional não é convertida em torno
da nossa realidade político-governativa? Se assim fosse, a nossa sorte seria absolutamente
diferente do que a desgraça que temos estado a viver. Os guineenses precisam,
com carácter de urgência, saber discernir correctamente as prioridades
governativas, evitando estar sistematicamente a resvalar nas efemeridades que
não contribuem em nada para o progresso do país, mas sim focalizar nas questões
prementes e procurar saneá-las o mais breve possível. Só assim, conseguiremos superar definitivamente o
marasmo obstrutivo a que estamos circunscritos para o supremo bem-estar do
nosso marginalizado povo (LER).