O Livre-Arbítrio no Critério da Qualidade de Vida (I)


“A invocação da «qualidade de vida» remete para um cálculo objectivo que em última instância faz apelo à reciprocidade de sentimentos: seguimos o critério que quereríamos que nos fosse aplicado se estivéssemos na iminência de competir, em condições extremas, por recursos escassos na criação ou preservação da nossa própria vida. É um resultado, afinal, da nossa sociabilidade, da nossa necessidade de cedermos perante o interesse comum e a liberdade alheia, numa mutualidade de serviços que não consente a experiência absoluta da consumação dos nossos interesses, a qual só existiria num reduto de isolamento total. Uma sociabilidade que, juntamente com a consideração pelos pontos de vista do médico e do paciente, pode entender-se como um dos parâmetros de legitimação da própria intervenção médica; ou, pela negativa, como um dos redutos defensivos contra alegações de «futilidade» dessa intervenção.” (LER)