O
comunicado de gabinete do Primeiro-ministro sobre as descabidas nomeações dos
últimos dias não passa de desculpa esfarrapada (LER). É tentar justificar o injustificável. Não convence, por isso, ninguém. Só
pode convencer aqueles guineenses que não querem realmente enxergar a
realidade. Mesmo que parte dos tais conselheiros ou assessores do
Primeiro-ministro não vão receber nenhum tostão, tal como veicula de forma ludibriada
o comunicado em apreço, é já por si um péssimo augúrio, uma vez que está a criar
novamente clima propício para o tráfico de influências e corrupção generalizada
dentro do aparelho de Estado. E mais, insisto, porque é que tem de ser sempre nomeado os mesmos nomes do costume que nunca fizeram absolutamente nada em concreto para o
país? Não havia outras pessoas no país que poderiam ocupar as referidas funções?
Caro senhor
Primeiro-ministro, estamos fartos de despachos e nomeações de afinidades que
não refletem positivamente na vida dos guineenses. Estamos ainda fartos da vossa falta de
sentido de Estado e manifesta insensibilidade para com as situações dramáticas que
a generalidade do nosso povo vive diariamente. Os despachos que, de facto,
queremos ver sair do seu punho são os de corte nos exorbitantes salários e
regalias de altas figuras do Estado e dos governantes em geral, bem como no
congelamento de viagens desnecessárias, compras infundadas de viaturas e reajustamento
salarial na função pública, isto é, o aumento do mísero vencimento dos
servidores públicos. Estes despachos, sim, ansiámo-los a cada dia que passa.
Vamos todos aplaudir o governo no dia que os tirar. São, no entanto, bastante fáceis de produzir.
Basta acertar bem com a coligação que agora sustenta o governo e
juntos submeterem um projecto de lei na Assembleia Nacional Popular neste sentido
e mais nada. Todos os demais despachos que extravasam este raio da acção não
queremos, senhor Primeiro-ministro. Não queremos mesmo, por favor.