«Durante mais de quatro
décadas conhecemos de forma quase ininterrupta as agruras e malefícios da
guerra, que geraram no nosso país mortes, miséria, fome, luto, dor, destruição,
inimizades, etc. Um cortejo de horrores difíceis de ser recordados e que
ninguém mais quer voltar a experimentar. Só nos últimos trinta anos de guerra
tivemos cerca de um milhão de mortos, duzentos mil mutilados e estropiados,
mais de cinquenta mil crianças órfãs, cerca de quatro milhões e meio de deslocados
e mais de seiscentos mil refugiados. Para além disso tivemos para cima de dois
milhões de minas e outros engenhos explosivos implantados em território
nacional e vinte mil milhões de dólares de prejuízos materiais em
infra-estruturas como estradas, pontes, aeroportos, barragens, linhas de
transporte de energia eléctrica e de caminho-de-ferro, etc. A isto podemos
juntar dez mil milhões de dólares de prejuízos em equipamentos sociais, tais
como hospitais, centros médicos, escolas, institutos, pavilhões desportivos, locais
de culto religioso, etc. A conclusão que podemos tirar de todos estes horrores
só pode ser uma: a guerra é uma verdadeira calamidade, cuja apologia constitui
uma autêntica desumanidade. (…) As questões de natureza interna, e mesmo as que
possam eventualmente ocorrer a nível internacional, não devem ser dirimidas por
via da confrontação violenta, mas sim através da concertação e negociação
permanentes, até se chegar a um acordo que dê resposta às aspirações de todas
as partes envolvidas, mas que ao mesmo tempo se conforme com os superiores
interesses nacionais, tais como a soberania, a unidade e integridade da nação e
o respeito pela dignidade humana.» (LER).