Eng. José Eduardo dos Santos, O “Arquitecto da Paz” (4)


«Durante mais de quatro décadas conhecemos de forma quase ininterrupta as agruras e malefícios da guerra, que geraram no nosso país mortes, miséria, fome, luto, dor, destruição, inimizades, etc. Um cortejo de horrores difíceis de ser recordados e que ninguém mais quer voltar a experimentar. Só nos últimos trinta anos de guerra tivemos cerca de um milhão de mortos, duzentos mil mutilados e estropiados, mais de cinquenta mil crianças órfãs, cerca de quatro milhões e meio de deslocados e mais de seiscentos mil refugiados. Para além disso tivemos para cima de dois milhões de minas e outros engenhos explosivos implantados em território nacional e vinte mil milhões de dólares de prejuízos materiais em infra-estruturas como estradas, pontes, aeroportos, barragens, linhas de transporte de energia eléctrica e de caminho-de-ferro, etc. A isto podemos juntar dez mil milhões de dólares de prejuízos em equipamentos sociais, tais como hospitais, centros médicos, escolas, institutos, pavilhões desportivos, locais de culto religioso, etc. A conclusão que podemos tirar de todos estes horrores só pode ser uma: a guerra é uma verdadeira calamidade, cuja apologia constitui uma autêntica desumanidade. (…) As questões de natureza interna, e mesmo as que possam eventualmente ocorrer a nível internacional, não devem ser dirimidas por via da confrontação violenta, mas sim através da concertação e negociação permanentes, até se chegar a um acordo que dê resposta às aspirações de todas as partes envolvidas, mas que ao mesmo tempo se conforme com os superiores interesses nacionais, tais como a soberania, a unidade e integridade da nação e o respeito pela dignidade humana.» (LER)