CONSIDERAÇÕES PASCAIS (2): Entrada Triunfal de Jesus em Jerusalém


Tal como vincámos no artigo precedente (LER), era extremamente importante e inadiável a partida do Senhor Jesus Cristo a Jerusalém, visto que era o lugar onde convergiam todas as profecias bíblicas a Seu respeito. E mais, até então, era a cidade de oblação para a expiação dos pecados que o povo sistematicamente cometia, pelo que o Filho do Homem tinha que ser sacrificado ali para selar definitivamente a Velha Aliança firmada pelo Eterno JEOVÁ e, deste modo, instaurar um Sacerdócio Real na ordem de Melquisedeque (Génesis 14:18-21; Salmo 110:4; Hebreus 5:5-6; 6:20; 7:15-17). 

A decisão de Jesus em deslocar-se a Jerusalém tinha inúmeros sobressaltos a todos os níveis, sobretudo do ponto de vista geográfico e espiritual. No lugar onde se encontrava, a região do mar da Galileia, segundo os teólogos Cristãos, fica 200 metros abaixo do nível do mar, enquanto a altura média de Jerusalém é de 760 metros acima do referido nível. Por isso, subir até à Cidade Santa era uma trajetória bastante penosa. Aqui, o cumprimento escrupuloso de todas as profecias dependia dessa obediência plena do Filho de DEUS, bem como a salvação da Humanidade perdida no lamaçal do pecado. E tudo isto consubstanciava, em termos pratico-espirituais, um tremendo desafio no itinerário deliberativo do Messias. 

No decorrer da viagem o Senhor Jesus atraiu uma enorme turba dos peregrinos que seguiam, igualmente, para Jerusalém a fim de assistir à celebração da Páscoa dos judeus (João 2:13), especialmente por ter curado dois cegos na circunscrição de Jericó (Mateus 20:29-34). E, foi assim, de forma heróica, que o Senhor Jesus entrou triunfalmente em Jerusalém, com a multidão a render-Lhe devidamente louvor, adoração e acções de graças, entoando vivamente: “hosana ao Filho de David; bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas!” (Mateus 21:1-10), contrariando todas as evidências da censura maléfica por parte dos fariseus (Lucas 19:39-40). 

A decisão subordinada de Jesus, de se entregar em Jerusalém, é semelhante à prova que DEUS colocou ao patriarca Abraão. Este também foi desafiado a sacrificar o seu único Filho, Isaque. E, prontamente, correspondeu com a vontade expressa do SENHOR; e fez-se acompanhar com os seus servos. Era também um percurso íngreme e com enorme carga espiritual, a priori, fatídica, tal como o do Messias. Durante a difícil viagem para Jerusalém, concretamente à região do Monte Mória, em Sião, Abraão a determinada altura da caminhada, depois de vislumbrar o lugar que DEUS lhe indicara, disse então aos seus criados: “fiquem aqui com o burro que eu vou até lá adiante com o menino, para adorarmos o Senhor e depois voltamos para junto de vocês” (Génesis 22:4-5). 

Nas duas misteriosas histórias, segundo Joseph Ratzinger, encontramos várias figuras análogas que concorrem e apontam para a providência Divina no processo da Salvação. A começar com um acto livre de obediência, a viagem afectuado a Jerusalém, as pessoas envolvidas durante o percurso que, por vicissitudes supervenientes, acabaram por ficar para trás, o burro, o sofrimento e, por fim, o sacrifício expiatório (desenvolveremos estes pormenores nos artigos subsequentes). Mesmo assim, tanto Abraão como Jesus, não desfaleceram no seu nobre intento de servir a DEUS e foram obedientes até ao fim. 

A fé de Abraão estava bem ancorada no Todo Poderoso DEUS (Hebreus 11:8-19) e no Messias, o Salvador do Mundo, razão pela qual alegrou-se com a ideia de poder presenciar a vinda do SENHOR. Viu-o e regozijou-se (João 8:56) alcançando, deste modo, a bem-aventurança eterna.  Deus, da mesma sorte, honrando a Sua Santa Palavra, tendo em conta a missão redentora do Seu Amado Filho, elevou-O “acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo o nome; para que ao nome de Jesus se dobrem todos os joelhos: no Céu, na Terra e debaixo da terra; e para que todos proclamem, para a glória de Deus Pai: Jesus Cristo é o Senhor!”  (Filipenses 2:9-11).