Da Semelhança e da Simplicidade

Dias atrás, estive a colaborar com o casal Bastos da minha igreja (o grande Rogério e a Gilca) num trabalho de voluntariado com os sem-abrigo em Lisboa, que o casal já vinha fazendo há largos meses, dando apoio na área da cozinha. Depois de constantes convites que ambos me propuseram, que nunca chegavam a concretizar-se devido a minha agenda preenchidíssima, felizmente, na semana passada, aproveitando a folga que tinha no período da tarde, resolvi corresponder à solicitação feita, disponibilizando-me para integrar a equipa de colaboradores naquele dia, quarta-feira. 
Por voltas das 17:00h já estava no local. Depois de ter chegado, fui directamente conduzido às instalações no sentido de começar a dar o apoio aos outros elementos da equipa. Trabalhei como ajudante na cozinha, fazendo-me lembrar os velhos tempos em que eu era cozinheiro.
Tive nesse dia um tempo muito agradável, rodeados de pessoas simpáticas, humildes e aparentemente felizes com a vida; gente que em princípio tinha razões suficientes para estarem deprimidas, mal-humoradas e revoltadas com a qualidade de vida que levam diariamente, que  se traduz em miséria e a pobreza extrema, mesmo assim, o que pude constatar nos horizontes daqueles indivíduos foi tudo inverso do habitual, tanto que fiquei surpreendido pela positiva.
Saí de lá por voltas das 22:30 horas, com a promessa de um dia voltar a estar com eles, assim que surgir a oportunidade para tal. Confesso que fui muito abençoado por estar naquele ambiente e fez-me pensar muito na complexidade e na precariedade da vida humana, sobretudo no que toca o seu valor sagrado. Senti-me mesmo desafiado e com um desejo profundo em dedicar-me seriamente à causa social, ajudando na medida do possível  as pessoas que carecem tanto do apoio e o do amor incondicional.
Em relação ao terceiro argumento concebido pelo filósofo da Grécia Antiga Sócrates para provar a tese da imortalidade da alma, a meu ver, afigura-se mais acertado em comparação com os outros três argumentos apresentados. Não obstante, pontuais observações e reparos que se poderão fazer sobre este argumento, no entanto, ele está mais coberto de assertividade do que propriamente de falhas ou omissões. No argumento: da semelhança e da simplicidade, Sócrates sustenta que existem duas realidades separadas no nosso universo: “uma não sensível, que ele chama invisível, e outra sensível, portanto visível. Também no ser humano essas duas realidades estão presentes: uma, o corpo de natureza visível e portanto sensível e composta; outra, a alma invisível, não sensível e simples”.
Quanto aos outros três argumentos: da geração dos opostos, da reminiscência e dos contrários em si, devo dizer, que ficam todos muito aquém da realidade dos factos. Ou seja, são argumentos que não fazem qualquer tipo de sentido, por razões várias que não importam agora estar a mencionar aqui. Apesar de reconhecer sem margem de dúvida a imortalidade da alma (a morte natural e a morte espiritual eterna, não significa de modo nenhum a inexistência ou o desaparecimento da alma vivente, mas sim, um estado de condenação para o sofrimento eterno, longe da presença de DEUS, tal como disciplinado nas Escrituras Sagradas), porém, não nos moldes como Sócrates a concebeu. 
E por fim, pondo de parte a profunda divergência doutrinária no mundo cristão sobre a parte imaterial do homem entre os defensores da teoria da dicotomia (que consideram que homem é composto apenas por corpo e alma, sendo esta a parte imaterial e aquela parte material) e da tricotomia (que vão mais além, sustentando que o homem não só é composto por corpo, alma, mas também pelo espírito. Sendo a alma e o espírito partes imateriais e distintas no homem e na sua actuação), o argumento da semelhança e da simplicidade, advoga melhor a verdade da imortalidade da alma e evidencia claramente a corruptibilidade de tudo que é sensível, que tanto nos deixamos apegar tão facilmente, descuidando os valores sublimes da realidade sobrenatural que deveria nos nortear, tais como "amar a DEUS sobre todas as coisas e ao próximo como  a nós mesmos", e procurar com isso, viver de acordo com os Seus sãos preceitos, que por sua vez terá repercussões positivas no que toca o nosso amor, relacionamento e cuidado uns para com os outros.