(Na foto, da
esquerda para a direita: O puto Nununo, Bruno, Nelinho, Samna, Didi, o grande
Pápis, Wesley (Wé), Bruno, eu, Jailton, Bedjú, Ivan (Vá). Foi tirada em 10 de
Maio de 2003 em Bissau, concretamente no bairro de Bandim II). Importa ainda
salientar, que os amigos reportados no artigo, não se limitam apenas as pessoas
que consta aqui na fotografia. Faltam ainda muitos outros elementos para
completar o nosso magnífico grupo).
Matutava sobre o passado longínquo que vivi em Bissau na
companhia dos meus familiares e amigos, vasculhando-me, prazerosamente, nos bons
e felizes momentos que a vida me proporcionou na minha infância e juventude. É
como se deixasse, por via indirecta, que a nostalgia se apoderasse de mim,
reflectindo em mil coisas e, simultaneamente, questionando os encontros e
desencontros que vida nos impõe arduamente, para podermos cumprir, de forma
cabal, os nossos legítimos objectivos.
Perante esta áurea indagação circunspecta, acompanhado
concomitantemente com o reacender de ideias de um passado visceralmente
presente na minha memória, acabei finalmente por chegar ao rendez-vous dos meus
inesquecíveis amigos da infância e da juventude que lá construí. E assim,
fui-me aliviando paulatinamente no meu pensar e deleitando-me, maviosamente, da
momentânea ocasião. É como se me sentisse completamente esvaziado e
inteiramente renovado no meu interior.
Este alívio e conforto indescritível deve-se ao facto de
ter uma boa recordação dos meus amigos em Bissau. Sem margem de dúvida, eles
foram, são e serão para mim os eternos amigos. Não obstante as circunstâncias
adversas da madrasta vida e abismal separação de distância a que estamos
cercados uns dos outros, jamais desfará o vínculo harmonioso de amizade que nos
agregou desde a mais tenra idade.
Reescrevendo, sumariamente aqui, por entre linhas a
referida memória, e por maioria de razão, ela traduzia-se na simplicidade do
espírito e no desapego total dos valores materialistas. Ocupávamos o nosso
tempo a jogar à bola na terra batida em condições extremamente precárias, nos
debates e querelas dignos de uma juventude irreverente, nas paixões desmedidas,
no desacato e desconfiança para com tudo e todos à nossa volta, somando a
imbatível convicção que dispúnhamos de um dia triunfar e poder afirmar na vida
como homens de bem.
A nossa humilde condição de vida nunca nos impediu de
sonhar alto, nem tão pouco de nos reduzirmos a uma mera complexidade
comportamental do contexto precário em que estávamos inseridos, antes pelo
contrário deu-nos a suficiente força e a firme determinação para traçarmos a
nossa própria sorte. Esta é a razão pela qual a maioria de nós vive espalhada
por estes quatros cantos do mundo, labutando incessantemente na busca de um
futuro melhor.
Podemos viver separadamente, em continentes e países
diferentes, ou levarmos muito tempo sem nos avistarmos. Mas basta um reavivar
da memória do nosso feliz passado em Bissau, para superar todos estes
condicionalismos naturais e sobrenaturais da incompreensível vida.
Talvez essa seja uma das grandes razões pela qual,
quando lembro e relembro a convivência que tive em Bissau, não consigo ter
motivos de tristeza, mas sim de enorme jubilo inundando o meu coração, porque
tive grandes e bons amigos, para não falar da minha maravilhosa família, que
marcaram positivamente o meu carácter interior e forma de estar na vida.
Sem qualquer ideia ou conotação do patriotismo, amo
profundamente a Guiné-Bissau, e, de forma muito especial, os meus amigos e a
minha querida cidade natal, Bissau, não obstante a nossa vida humilde,
associada à pobreza e à má fama que ganhamos a nível internacional. É em Bissau
que tenciono mais tarde radicar e dar a minha contribuição naquilo que for
necessário para o progresso do meu amado país.
Não consigo falar de Bissau sem previamente recordar os
meus amigos de infância e da juventude que cruzaram no meu percurso de vida. E
lembrar deles é sinal que foram, são e serão importantes para mim. Sendo eles
importantes na minha vida só me resta, com sentido de enorme gratidão a DEUS,
agradecer-lhes profundamente aquilo que representam por mim, fazendo votos que
o SENHOR os abençoe ricamente e os guarde na Sua Graça e Paz.