«(...) Quando os quatro leprosos chegaram ao limite do
acampamento, entraram numa tenda, comeram e beberam do que lá havia,
apoderaram-se da prata, do ouro e das roupas que encontraram e foram esconder
tudo. Em seguida voltaram, entraram noutra tenda e foram esconder também o que
nela tinham encontrado. Eles disseram então uns aos outros: “Não estamos a
proceder bem! Temos hoje boas notícias e ficamos calados. Se esperarmos pela
amanhã para dar a notícia, Deus vai castigar-nos. Vamos informar o palácio
real.”» (In A Bíblia Sagrada, 2 Reis 7:8-9, Versão, A Boa Nova em Português
Corrente, Sociedade Bíblica, Lisboa, 2004).
É impressionante a mensagem da salvação que esta
passagem bíblica encerra e, sobretudo, no que toca à missão da "Grande
Comissão", que Jesus Cristo delegou aos seus fiéis seguidores, os
discípulos, antes da Sua ascensão aos céus (Mateus 28:18-20).
Atentando cuidadosamente a história envolvente destes
quatros miseráveis leprosos supra descrita (a começar com as
passagens do capítulo 6:24 - 33; 7:1-20), ela assemelha-se
indubitavelmente com aquilo que era a condição dos crentes antes de abraçarem a
causa do Evangelho (LER).
Eles (os leprosos) estavam completamente destituídos do conforto da vida, e em
total estado de desespero, sem praticamente nenhumas esperanças de vida para
reverter o curso funesto que as coisas seguiam, mas DEUS no Seu divino Poder,
providenciou-lhes o auxílio e a salvação; da mesma sorte aconteceu com cada um
de nós, os crentes.
Sobressai ainda aqui nestas passagens uma importante e
inegável verdade bíblica - aliás, como está repleta em toda A Bíblia
Sagrada - nomeadamente nos versículos 5 a 7 do capítulo 7, que
é a seguinte: quem verdadeiramente faz missões não são de modo nenhum os
crentes como muitos erradamente julgam, mas sim, o próprio DEUS. É ELE quem
providencia e prepara todo o terreno para a salvação das pessoas. Os crentes
são apenas os instrumentos que Ele usa pontualmente nesse misterioso processo
da graça para concretizar definitivamente o Seu plano redentor. Quando nós,
deliberadamente, nos descuidarmos da nossa responsabilidade Cristã, o próprio
DEUS arranja alternativas, mesmo as que parecem surreais do ponto de vista
humano, tal como usar uma burra para falar ou em caso de extrema necessidade
fazer clamar as pedras (Números 22:21-35; Lucas 19:38-40).
Vemos nesta belíssima e tocante história, a forma
tremenda como DEUS trabalhou e alterou significativamente a condição dos
referidos leprosos: Passaram de pessoas desesperadas para pessoas com enormes
horizontes de esperanças; famintas e privados do conforto da vida para pessoas
saciadas e com bastantes riquezas. E como sustenta convictamente o Apóstolo
Paulo para reforçar esta mesma verdade, "estando nós mortos, por
causa dos nossos delitos, ele deu-nos a vida juntamente com Cristo. É pela sua
graça que estão salvos. Pois Deus ressuscitou-nos juntamente com Cristo Jesus e
com ele nos fez tomar parte no seu reino celestial. (…) Porque é pela graça que
estão salvos, mediante a fé. E isto não é mérito vosso, é dom de Deus. Não vem
das obras para que ninguém se glorie" (Efésios 2:4-6; 8-9).
Se de um lado vemos a maravilhosa graça de DEUS a operar
nas nossas vidas, do mesmo modo temos o dever e a obrigação de partilhar essa
mesma graça com as pessoas do mundo, no sentido de eles poderem usufruir
juntamente connosco da preciosa dádiva da salvação que oportunamente nos fora
outorgada. Em outras palavras, é aquilo que podemos apelidar do princípio da
responsabilidade e da responsabilização que pesa sobre os crentes. Ali é,
simplesmente, corresponder na íntegra com as duas grandes ordenanças dadas pelo
Senhor Jesus Cristo aos seus discípulos, que são: a Ceia do Senhor e
a Grande Comissão - a evangelização dos não crentes para a fé cristã
(Mateus 28:18-20; s. Marcos 16:15-18 Lucas 24:46-49, Actos 1:8). Enquanto
aqui consiste apenas em prestar contas diante de DEUS pela forma como aplicamos
os nossos dons e talentos que ELE nos concedeu para a sua obra/ceara. Não se
trata de penalização dos crentes, mas sim da Justiça distributiva de DEUS, onde
cada crente receberá de acordo com as suas obras (Apocalipse
11:18; 1 Coríntios 3:12-15; 4:5; 5: 10, Lucas 19:17-19, respectivamente).
Ser um autêntico discípulo de Jesus é sinónimo de
aceitar indubitavelmente todas as prerrogativas e responsabilidades inerentes
ao testemunho Cristão. É obedecer com muita satisfação o compromisso de
encarnar os nobres valores do Evangelho e, concomitantemente, partilhá-los com
a intrepidez do espírito para com os não crentes, independentemente das
circunstâncias favoráveis ou adversas que possam surgir. Também é assumir na
plenitude, os riscos e hostilidades associados à Palavra de DEUS, ao ponto de
estar disposto a renunciar todas as benéficas comodidades que poderão advir a
nosso favor e, consequentemente, sofrer por amor ao Evangelho.
Por isso, é impreterivelmente urgente, como crentes que
somos, reconfigurarmos acertadamente a nossa mundividência missionária,
procurando, na medida do possível, honrar essa sublime causa que nos foi
confiada através de um testemunho cristão exemplar e irrepressível a todos os
níveis e em todas as ocasiões. Isto porque, como lembram sabiamente estes
leprosos, "se ficarmos calados, algum mal nos sobrevirá".
Dito por outras palavras, DEUS vai chamar-nos à responsabilidade por negligenciarmos
tremendamente o imperativo da Grande Comissão que ELE nos confiou.
Em suma – por obediência plena
e cumprimento escrupuloso da tal grande ordenança bíblica -, agora, pois,
vamos com fé aos pecadores, proclamando a Boa Nova da salvação.