O debate no Parlamento relativamente à proposta do
referendo nacional da co-adopção e adopção por parte dos casais homossexuais,
que culminou ontem com a sua tangente aprovação pela bancada do PSD, não passa
de mais uma manobra dilatória dos deputados para baralhar ainda mais a opinião
pública portuguesa sobre o já fracturante assunto.
O mais surpreendente de tudo isto foi o cinismo e
oportunismo político com que o CDS-PP lidou, levianamente, neste processo,
optando por uma infeliz abstenção, que em nada dignifica a imagem do partido, deixando
o parceiro da coligação em maus lençóis. Não obstante a precipitação inicial da
bancada do PSD (por alguns dos seus deputados ter coadunado com a aprovação na
generalidade do projecto lei do PS sobre o regime da co-adopção e adopção plena
por parte dos casais homossexuais (LER)) redimiu-se, felizmente, da tal incompreensível posição com esta nova proposta
de lei do Referendo Nacional apresentado pela JSD, com vista a impedir, de
forma tardia, aprovação na votação final global daquele diploma (LER).
Quanto ao CDS-PP devia, simplesmente, ter seguido esta mesma orientação
política do PSD, que é, apesar de tudo, um mal menor para o País, em comparação
com o primeiro diploma aprovado pelo Parlamento.
Não se esperava, de todo, esta cobarde atitude do
CDS-PP, não apenas por arrogar-se de ser um partido com princípios e valores da
Direita Democrática, influenciado por uma matriz Cristã, mas principalmente
pela existência da recente moção de estratégia, apresentada pelo seu líder
Paulo Portas no último congresso nacional, e aprovada quase por unanimidade
pelos militantes, onde se decidia pela firmeza do partido a nível dos Costumes.
O teor do texto versa mais ou menos nestes termos: «CDS partido da
liberdade e da responsabilidade pugna por um regresso à linha da
democracia-cristã e crítica o desvio que permite que os deputados não votem com
o grosso do partido em matéria de costumes. Dão como exemplo o casamento
homossexual e a adopção por casais, a co-adopção ou a reprodução medicamente
assistida" (Expresso de 4 de Janeiro de 2014, pág. 8).
Como é possível mudar assim tão rapidamente de posição
num curto prazo de tempo? O dinheiro (o fraco argumento invocado para se abster
na votação) é assim tão decisivo em comparação com a hedionda legalização da
adopção homossexual? Enfim, outros tempos. Outras mentalidades. Outras formas
de estar e fazer política. Um decoro por lamentar.
É completamente fácil provar a tamanha incongruência dos apologistas da adopção homossexual, que
consiste no seguinte: se um casal opta por ter uma conduta homossexual ele
está, obviamente, a assumir, de forma implícita, todas as consequências e
implicações práticas decorrentes dessa sua livre e espontânea decisão, que
passam desde logo em não poder procriar, e, consequentemente, condenado a viver
durante toda a sua vida sem ter filhos, por ser uma orientação contra
natura. E não estamos a falar de pessoas doentes:
são homens e mulheres bastante saudáveis, como gostam de ser considerados. Realidade
diferente tem que ver com as pessoas que padecem de problemas relacionados com
anomalias reprodutoras e de infertilidade, ou qualquer outra realidade exterior
que não depende delas para fazerem filhos; estas pessoas merecem, sim, uma
protecção legal do Estado, ao contrário dos casais homossexuais. Se um casal homossexual
quer verdadeiramente ter filhos, isto é tão fácil de concretizar em termos
práticos, bastando apenas que a pessoa em causa reajuste naturalmente o seu
comportamento sexual para, assim, realizar definitivamente este desígnio. Por isso, e conhecendo de antemão essas realidades
associadas à sua esclarecida decisão em ter uma conduta homossexual, por que
razão estes mesmos casais vêm contraditoriamente invocar um direito a ter
filhos provindos dos heterossexuais, quando foram os próprios que decidiram,
deliberadamente, ter uma conduta sexual incompatível em ter filhos? Uma
manifesta venire contra factum proprium.
Outros argumentos são passíveis de serem usados, tais
como o legítimo direito que assiste às crianças de ter um pai e uma mãe, como
qualquer outra pessoa, mesmo que seja em termos hipotéticos. O direito dos
homossexuais em ter filhos não pode, de modo nenhum, sobrepor-se ao direito das
crianças. O argumento de que mais vale a pena os homossexuais adoptarem
crianças e proporcionar-lhes uma boa educação do que deixá-las desamparadamente
nas instituições sociais não procede, visto que o mal combate-se, não se
legaliza. Ademais, a grande motivação por detrás dos homossexuais não é o das
crianças orfanadas, tal como costumam salientar. É muito mais que isso. Eles estão
mais preocupados e empenhados em realizar o sonho ideal de ter filhos, do que
propriamente com a precária condição que afecta a maioria das crianças
abandonadas.
Entendemos ainda que não se pode expropriar um direito
fundamental que assiste a qualquer ser humano e, particularmente, às
criancinhas em troca de meros caprichos de indivíduos inconformados com a
condição de vida que dispõem, mas que não se cansam de fazer lobbys poderosos
para fazer valer os seus esgrimidos argumentos. Tudo isto representa apenas uma
gota de água no oceano, quando pensarmos no conjunto de outras inverdades e falsidades
da realidade que nos querem impingir a todo custo, fazendo-nos crer, com os
seus raciocínios falazes, naquilo que jamais se poderia enquadrar na lógica das
coisas, e muito menos na da razão.
Importa ainda salientar, que a prática homossexual é
anti-natural, anti-valores da família, anti-vida e, concomitantemente, à adopção
que devem ser claramente combatidas por parte dos verdadeiros defensores da
Raça Humana - o Estado e os cidadãos de bom senso. Justamente por esta razão,
e pelas supra mencionadas, consideramos inoportuno e bastante
prejudicial à sociedade permitir a adopção das crianças por homossexuais.
Esperamos, de facto, que os portugueses possam tomar uma
posição firme e bem apurada no momento do referendo que será feito, em prol das
nossas pobres criancinhas, isto é, a da sua não aprovação quando forem chamados
para o efeito.