A nobreza de carácter está na forma como se
resiste aos abusos e à tirania do poder. Lutar por uma boa causa é apenas dos
espíritos que jamais se conformam com quaisquer práticas de injustiça cometidas
pelos malfeitores. Estão permanentemente ao lado da Verdade e na defesa
intransigente dos Princípios Democráticos que assentam no incondicional
respeito pela Dignidade da Pessoa Humana e no respeito escrupuloso pelas Regras
estabelecidas. Uma das melhores condutas que uma pessoa pode abraçar, enquanto
forasteiro neste "vale de lágrimas", é procurar encarnar inabalavelmente as
tais elevadas virtudes morais e distanciar-se de tudo aquilo que contribui
decisivamente para degradar a alma no seu substrato.
Para nossa infelicidade, a maioria das autoridades
que temos além de serem demasiado incompetentes no exercício das nobres funções
que desempenham são, ao mesmo tempo, bastantes corruptas. A Guiné-Bissau é um
país onde a generalidade dos responsáveis políticos não tem o mínimo de
escrúpulos necessários para ocupar funções governativas. São capazes de uma momentânea
volúpia para venderem de imediato a sua convicção ético-ideológica, sem medirem
as eventuais consequências de tal ignóbil postura. Deslumbram-se tão facilmente
pelo encanto do poder e dos benefícios egocêntricos que dele podem retirar que
acabam, de forma incongruente, por renegar a sua verdadeira condição humana. É
uma sociedade onde impera o anarquismo, a inveja, o ódio, a
vingança, a violência, a impunidade e o crime de sangue entre os
próprios patrícios, visando a todo custo usurpar o poleiro
governativo.
A Guiné-Bissau não merece gente desta estirpe
apelidada de filhos e, muito menos, estes hediondos actos. Não merece a pacóvia
classe política e castrense que tem. Não merece ser tomada de assalto pelos trapaceiros
e traidores da própria pátria que, sistematicamente, se autoproclamam debalde amá-la. Não merece ser condenada a um estado de desgraça ininterrupta, tal como
tem sido ao longo da sua história de autodeterminação, com consequências
nefastas na vida do nosso marginalizado povo. Não merece, da mesma sorte, ser
reduzida na arena internacional a um Estado falhado ou narco-estado onde
apenas abundam todas as espécies de flagelos humano-sociais cognoscíveis.
Precisa sim de Mulheres e Homens valentes que estão plenamente predispostos a lutar
incansavelmente, inclusive correr riscos de vida em prol da "guinendadi",
com vista a resgatá-la definitivamente da subjugação em que está impotentemente
aprisionada pelos urubus de "bissausinho”; de governantes
irrepreensíveis a todos os níveis e dotados do sentido patriótico para
devolvê-la à Paz que tanto precisa, à Estabilidade que merece, à Reconciliação
que tem direito, ao Respeito Internacional e ao Desenvolvimento
Sustentável como sempre ansiaram a generalidade do nosso povo.