Quando falamos da Páscoa falamos do livramento do mundo
decaído; do doloroso sacrifício expiatório de Jesus Cristo na cruz do Calvário
em favor dos pecadores; da libertação da raça humana transviada, que outrora
estava sob o jugo do Diabo.
Segundo consta das Escrituras Sagradas, no início da
criação, o Homem rebelou-se contra DEUS e, em consequência disso, foi
destituído da glória da sua criação, perdendo significativamente a maioria dos
direitos e privilégios que lhe foram outorgados no jardim do Éden, levando
consigo a sentença de morte devido ao seu acto transgressor (Génesis 2:16-19).
Apesar desta situação extremamente irregular e bastante complexa no percurso do
Homem, DEUS jamais desistiu dele. Foi o Todo Poderoso que tomou a iniciativa de
comunicar com ele, depois da sua deliberada queda, bem como providenciar-lhe as
túnicas de peles para vesti-lo, a fim de ocultar a sua vergonhosa nudez do
pecado (Génesis 3:9-24). O sacrifício de alguns animais foi preciso para tal
misteriosa providência Divina, como ficou implicitamente em Génesis 3:21. Para
a maioria dos teólogos isto significava a provisão por meio do Messias, em face
de Sua obra redentora na cruz do Calvário. Dito por outras palavras, DEUS na
Sua omnisciência, e mediante o Senhor Jesus Cristo, anularia definitivamente o
poder de Satanás sobre o Homem, ferindo-lhe na cabeça e este, por sua vez, lhe
ferirá no calcanhar (Génesis 3:15). Ficou assim manifesta a inimizade entre a
semente da mulher e a da serpente, o Diabo, tudo apontando para a morte e
ressurreição do Filho do Homem.
Com o plano da salvação delineado e traçado antes da
fundação do mundo, DEUS ainda fez questão de compartilhá-lo com a Humanidade
através do seu povo eleito, a nação israelita, da qual descenderia o Messias
prometido. A começar, desde logo, com o Patriarca Abraão que vislumbrou a
concretização do referido plano. Viu-o e alegrou-se (João 8:56). E a mesma
revelação com o rei David, no sentido da promessa: "eu lhe serei por pai,
e ele me será por filho… Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para
sempre diante de ti: o teu trono será para sempre” (2 Samuel 7:14; 16).
Tanto a promessa abraâmica (Génesis 12:1-3), bem como a
davídica têm como pano de fundo Jesus Cristo e a Sua obra expiatória na cruz.
Do Livro de Génesis até Malaquias, DEUS conduziu o seu povo de múltiplas
formas, com o intuito de moldá-lo à realidade espiritual. Permitiu-lhe passar
por tremendas provações e adversidades: foi escravizado no Egipto por 400 anos
(Génesis 15:13; 46:1-34), invadido pelos Assírios (2 Reis 17:1-6; 18-9-15 e,
posteriormente, conquistado pelos babilónios (2 Reis 24:8-17; 2 Crónicas
36:9-10; 2 Reis 25:1-21; Crónicas 36:11-21). Mesmo nestas circunstâncias
hostis, que teve que enfrentar, DEUS jamais abandonou o Seu eleito povo: sempre
esteve presente com ele para lhe dar a lição e orientação na conduta exemplar
que deveria seguir, que é a de voltar à origem da verdadeira adoração.
E mais, não obstante toda esta difícil experiência que o
povo enfrentou, o SENHOR libertou-o de toda a ignomínia e desafios fazendo-lhe
triunfar em tudo. Ora, é este o grande cerne da mensagem da Páscoa: a
libertação da Humanidade decaída que vivia da opressão e da escravidão do
pecado, obtendo a Misericórdia, o Perdão e a Reconciliação com DEUS, por
intermédio do imaculado sacrifício de Jesus Cristo.
Tal como aconteceu à nação israelita no cativeiro do
Egipto e na Babilónia, vivendo subjugada pela opressão dos seus temíveis
inimigos, assim também aconteceu com cada um de nós. Estávamos todos perdidos e
mortos nos nossos delitos e pecados, alheios à vontade de DEUS nas nossas vidas
(Efésios 2:2-3), razão pela qual o Filho do Homem veio ao mundo tomando a forma
do servo e cumprindo escrupulosamente a Missão do Pai (Filipenses 2:5; s. João
17:4). Viveu como um simples homem, transmitindo todos os desígnios de DEUS
durante o Seu impoluto percurso de vida aqui na terra. Foi crucificado
injustamente e ao terceiro dia ressuscitou dos mortos, deixando-nos a sublime
promessa da vida eterna a todos quantos O recebem como SENHOR e Salvador das
suas vidas (João 1:12; João 3:16).
De uma forma sumária, a Páscoa traduz o incondicional amor
de DEUS para com o pecador e a inauguração de uma nova era do relacionamento
entre DEUS e os humanos. Tal como sustenta perentoriamente o Apóstolo Paulo,
"mas de facto Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as
primícias dos que dormem" (1 Coríntios 15:20-21). Corroborando o mesmo
entendimento, o Teólogo e Reformador da Igreja, Ulrich Zuínglio, regista que
"Cristo é o único caminho para a salvação de todos os que existiram,
existem ou existirão" (Timothy George, em Teologia dos Reformadores, p.
125, Vida Nova, São Paulo, SP, 2004).
O único pré-requisito indispensável para usufruir dessa
maravilhosa dádiva da salvação é, simplesmente, confiar inteiramente a Jesus
Cristo os vossos corações, pedindo-Lhe perdão e orientação para as vossas
almas. Que DEUS seja louvado hoje e para todo o sempre. Amém!