«Os sonhos em
que se voa são como reminiscências da posse de uma força espiritual
determinada. Na verdade trata-se de sonhos em que flutuamos sem nunca perdermos
a sensação de gravidade. Desliza-se no crepúsculo, a pouca distância do solo,
mas o sonho é interrompido quando se toca naquele. Flutua-se sobre os degraus
da escada à saída de casa é, às vezes, elevando-se sobre obstáculos baixos,
como cercas e sebes. Isto é conseguido através de um esforço, o qual se sente
nos cotovelos flectidos e nos punhos fechados. O corpo encontra-se semiesticado
como se se repousasse confortavelmente numa poltrona; paira-se para a frente
com as pernas. Estes sonhos são agradáveis.»
(Ernst
Jünger, em O Coração Aventuroso, pág. 12, Cotovia, Lisboa, 1991).