Primárias do PS


Tenho procurado desviar a minha escrita para longe da actualidade política. Nos próximos dias, abro a excepção. É com muita preocupação que tenho vindo a seguir as primárias no PS que atingiu  níveis inimagináveis para um partido que se preze. Não sou propriamente militante socialista, como não faço parte de qualquer outro partido político. Defendo a Doutrina Social da Igreja como modelo ideal para sociedade. Aprecio os dois Antónios. Parecem-me pessoas inteligentes e bastante comprometidos com as causas políticas que propõem desenvolver para Portugal. Por isso, não subscrevo o preconceito generalizado de uma certa elite da Esquerda, sobretudo dos "barões" do PS de quererem, a todo custo, reduzir Seguro ao homem sem qualidades. Não caio nesta fanfarra da ilusão populista. 

Obviamente que Seguro e Costa são pessoas diferentes. O primeiro é mais ingénuo que o segundo. Dá impressão que Seguro não leu o “Tratado de Argumentação” de Perelman e Olbrechts-Tyteca. Uma obra de leitura obrigatória para qualquer putativo candidato à governação. E mais, Costa ostenta a imagem de estar melhor preparado para derrotar folgadamente a Direita. Estes três meses de campanha interna, veio confirmar esta inegável verdade, através das diferentes sondagens que foram projectados. A nível das propostas eleitorais ambos estão empatados, com uma ligeira vantagem para Costa. O facto de Seguro acusar reiteradamente Costa de oportunismo político, demonstra uma visão limita daquilo que são as matrizes e pressupostos valorativos de estar e fazer política. Quem é que não sabe que os políticos são autênticos oportunistas? Uns com menos escrúpulos que outros. A própria política é feita de oportunismo. E temos inúmeros exemplos disso aqui em Portugal, na Europa e no resto do mundo. 

São estes conjuntos de coisas que levarão hoje os militantes e simpatizantes do PS a escolherem Costa em detrimento de Seguro. Se ele sair esta noite da cena política deixará, certamente, boas recordações, em especial junto daqueles que, menos impressionáveis pelo cliché neurótico e pelo sermão encomendado da «opinião pública», prezam a originalidade na personalidade e na actuação. (…) É bem possível que se transforme num dos mais visíveis e influentes ex-secretários do PS, assegurando por essa via o respeito amplo que o sectarismo agora (temporariamente) lhe recusa. O tempo dirá (O Jansenista).