A guerra colonial foi um falso pretexto usado pelos
vigaristas do PAIGC, na altura, para concretizar os seus disfarçados intentos
maléficos de saquear o povo guineense, tal como a realidade posteriormente veio
a confirmar.
O tão propalado mote lançado pelo partido no sentido de
devolver a Dignidade, a Soberania e o Bem-estar ao marginalizado povo
guineense, não passava de uma autêntica mentira que foi astutamente veiculada,
com o intuito de ludibriar a opinião pública do país, e, deste modo, ganhar o
maior consenso possível em torno da hedionda guerra. A verdadeira motivação
subjacente aos mentores da luta armada pela independência prendia-se, mormente,
com aspirações egocêntricas de indivíduos que andavam completamente frustrados
com a condição de vida de que dispunham e pouco interessados com "a Causa Nacional" que afirmavam acerrimamente defender.
Em 23 de Janeiro de 1963 deu-se oficialmente o início da
luta armada, com a ofensiva militar contra as colunas portuguesas no sul do
país, sob o comando do quartel do Titi. A partir desta data tudo mudou, para
pior. A Guiné-Bissau mergulhou numa profunda crise de identidade, sem
precedentes, ao longo da sua moderna História. Desde logo a vindicta do
Congresso de Cassacá, convocado em 1964, para "atenuar" a
cisão interna no seio do PAIGC, culminando naquilo que ficou conhecido como "massacre
dos insubordinados", onde inúmeras pessoas foram barbaramente fuziladas
por ordens expressas do Partido.
Passados os dez anos da chacina armada o país proclamou
unilateralmente a sua independência, em 24 de setembro de 1973,
cumprindo assim o desígnio do "Programa Mínimo" traçado
na génese da sublevação. Nos anos subsequentes existiam todas as condições propícias
para criar uma "Nova Sociedade" e um "Novo
Homem Africano" capaz de trilhar, com bastante sucesso, "o
Programa Maior" visceralmente ligado ao desenvolvimento
sustentável da Guiné-Bissau. Não foi, no entanto, o que aconteceu. O então Presidente
da República, Luís Cabral, conduziu o país para um modelo absolutista de Estado
que se traduzia em tremendas perseguições, ajustes de contas e execuções
sumárias de opositores do regime considerados "traidores da
pátria".
Foi neste horrível cenário politico-governativo, em 1980,
que surgiu o afamado "Movimento Reajustador”, de 14 de Novembro,
liderado pelo temível General João Bernardo Vieira (Kabi Na Fantchamna),
que usurpou o poder por via de um golpe de Estado, afastando assim o seu "camarada" Luís Cabral da
presidência da república. Acontece que, por vicissitudes supervenientes, esta
mudança de poder não foi bem acolhida pelos dirigentes cabo-verdianos que, como
represália ao novo regime Bissau-guineense, desvincularam-se do PAIGC e
fundaram o partido PAICV, em 1981, rompendo assim definitivamente com o vínculo
umbilical que ligava os dois povos, idealizado pelo Engenheiro Amílcar Lopes
Cabral.
Com o governo de Nino Vieira, a Guiné-Bissau conheceu uma
das facetas mais tristes e bárbaras da sua autodeterminação. Tudo aquilo de que
acusava Luís Cabral, acabou por fazer ainda pior. Nos seus 23 anos no poder (de
1980 a 1999 e depois em 2005-2009, respectivamente) não se melhorou
praticamente nada, excepto uma aparente abertura do país para a Democracia
Pluralista, em 1994, que, em termos objectivos, tinha mais a ver com o autorismo do que propriamente com o Estado de Direito Democrático. Tal como diria
posteriormente Luís Cabral, e bem, "o Movimento Reajustador não Reajustou
nada". Em consequência disso, o país passou por enormes sobressaltos
político-sociais e sucessivos golpes e contra-golpes até Abril de 2012,
culminando sempre com assassinatos de pessoas e altas figuras do poder, isto
somado à fratricida guerra civil de 7 de Junho de 1998, com repercussões
extremamente negativas que ainda hoje se fazem sentir drasticamente na vida de
milhares guineenses.
Desde os sanguinários Luís Cabral e Nino Vieira, somando o
palrador Koumba Yalá, o inabilitado Malam Bacai Sanhá e o pigmeuzinho José
Mário Vaz, coadjuvados pelos seus corruptos governos e toscos militares, só
causaram prejuízos enormes à Guiné-Bissau. Não conseguiram deixar um legado
positivo em prol do desenvolvimento nacional que tanto apregoa(ra)m. Foram
todos incongruentes nas suas obscuras agendas políticas, o que realça e
demonstra a crise de liderança que tem caracterizado o país até à data
presente.
A raiz de todos os males que assolam impotentemente o
nosso humilde povo é, sem dúvida, a maldita luta colonial. Os custos
e benefícios que advêm dela foram completamente desproporcionais, com a
supremacia abismal daqueles em detrimento destes. Não houve progressos
assinaláveis do ponto de vista humano-social (LER).
A Guiné-Bissau, desde o período do pós-independência, foi capturada pelos urubus
que não compreendem patavina de governação e pelos pacóvios militares que
apenas a humilharam, através do esmagamento metódico a que foi reiteradamente
submetida ao longo dos tempos. A começar com os intelectuais sabujos, juízes
fraldiqueiros, partidos políticos corruptos e sociedade civil inoperante, que
obstam ao desenvolvimento do país. Se isso é a "nação" ou
a "independência", tal como muitos dos nossos patrícios
orgulhosamente enaltecem, não contem comigo. Estou fora. Mesmo fora. Roubem-me
o esforço e a tranquilidade; a saúde e a consciência é que não!