«Está muito longe de
nós o pensamento de que aqueles esposos colocados no Paraíso teriam de
realizar, mediante esta paixão libidinosa (libido), de que viriam a
envergonhar-se tapando as regiões pudendas, aquilo que Deus prometeu na sua
bênção: Crescei a multiplicai-vos e enchei a terra. (…) Na ordem natural a alma
sobrepõe-se ao corpo; todavia, a alma tem mais fácil domínio sobre o corpo do
que sobre a si própria. Todavia, esta paixão libidinosa, de que agora estamos a
tratar, excita a vergonha tanto mais quanto mais o espírito nem se mostra capaz
de a si próprio se dominar eficazmente para se não deixar deleitar inteiramente
nessa paixão, nem sobre o corpo tem pleno domínio para que seja precisamente a
vontade (e não a paixão) a excitar as regiões vergonhosas: se assim fosse já
nem seriam vergonhosas.»
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(Santo Agostinho, in A Cidade de Deus [Volume II], p. 1299, 1304, Fundação Calouste Gulbenkian, 2011).