A Doutrina (5): O Pecado Original de Santo Agostinho


«Está muito longe de nós o pensamento de que aqueles esposos colocados no Paraíso teriam de realizar, mediante esta paixão libidinosa (libido), de que viriam a envergonhar-se tapando as regiões pudendas, aquilo que Deus prometeu na sua bênção: Crescei a multiplicai-vos e enchei a terra. (…) Na ordem natural a alma sobrepõe-se ao corpo; todavia, a alma tem mais fácil domínio sobre o corpo do que sobre a si própria. Todavia, esta paixão libidinosa, de que agora estamos a tratar, excita a vergonha tanto mais quanto mais o espírito nem se mostra capaz de a si próprio se dominar eficazmente para se não deixar deleitar inteiramente nessa paixão, nem sobre o corpo tem pleno domínio para que seja precisamente a vontade (e não a paixão) a excitar as regiões vergonhosas: se assim fosse já nem seriam vergonhosas.» 

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(Santo Agostinho, in A Cidade de Deus [Volume II], p. 1299, 1304, Fundação Calouste Gulbenkian, 2011).