«Não há pecado sem vontade – e sem
demora. O olhar concupiscente para mulher alheia é pecado? Parece ser o que
resulta dos Evangelhos (Mateus, 5:28). Não, respondem os subtilíssimos Doutores
da Igreja, para haver pecado é preciso a intenção: o instante do olhar não
conta, até porque pode ser involuntário ou inocente. O que é pecado é a
retenção demorada da visão no espírito, o “peccatum morosae delectationis”, o
abrigar com intenção algo que devia ter sido descartado instantaneamente, mal
atingisse o espírito, diz Santo Agostinho (De Trinitate, XII), e São Tomás de
Aquino concorda (Summa Theologie, 1a-2ae.74.6.ad3). Sabiam-na toda, os Santos
Padres. Olhemos, desviemos o olhar e depois esqueçamos, e tudo vai bem...» (LER).
Estamos aqui perante uma “interpretação
evolutiva”, que belisca profundamente a teologia e teleologia do preceito
bíblico em apreço (LER). Tal interpretação não tem qualquer
tipo de acolhimento favorável nas Escrituras Sagradas. O factor determinante
para aferir se o olhar é ou não pecaminoso, no fórum da consciência, é o
verdadeiro intento subjacente nele. Se for com intenção impura, isto é, de
cobiça, configura indubitavelmente num delito espiritual. Não tem nada a ver
com “a retenção demorada da visão no espírito”, tal como sustentam
equivocadamente os “Doutores da Igreja”. O olhar tem somente que se
revestir de boas intenções e ser imaculado, independentemente do seu tempo, sob
pena de consubstanciar no pecado de adultério como está bem explicado na
sugestivas e inspiradoras palavras do Senhor Jesus Cristo.