Em reacção ao penúltimo artigo (LER),
o meu amigo, Robert Neves questionou-me retoricamente sobre se olhar para uma mulher descomprometida configuraria pecado? Pois se
assim fosse, dizia ainda ele, "temo que a formação de casais
ficasse condenada ab initio caro amigo...", encerrava.
Para efeitos de registo, e com o prévio consentimento do
Robert Neves para ser aqui publicado no blog a referida pergunta que fez no meu
facebook, deixo concomitantemente infra a minha resposta.
«Não há pecado sem vontade - e sem demora. O olhar concupiscente para mulher alheia é pecado? Parece ser o que resulta dos Evangelhos (Mateus, 5:28). Não, respondem os subtilíssimos Doutores da Igreja, para haver pecado é preciso a intenção: o instante do olhar não conta, até porque pode ser involuntário ou inocente. O que é pecado é a retenção demorada da visão no espírito, o "peccatum morosae delectationis", o abrigar com intenção algo que devia ter sido descartado instantaneamente, mal atingisse o espírito, diz Santo Agostinho (De Trinitate, XII), e São Tomás de Aquino concorda (Summa Theologie, 1a-2ae.74.6.ad3). Sabiam-na toda, os Santos Padres. Olhemos, desviemos o olhar e depois esqueçamos, e tudo vai bem...».