«As sete linhagens
que compõem a etnia dos pepeis reagrupam-se nos diferentes clãs, cada um
simbolizado por um animal cujo nome se torna o nome da família dos membros do
clã: o clã Intchassu leva o nome de NANKE (a onça). Este clã, que é também o
dos nobres, utiliza igualmente o nome IE. Dizem-se bravos como a onça, razão
pela qua exercem funções de comando (os reis, os Djagras). O clã Intsutu, o de
DJÔ (“urso-formigueiro”) admitem ser idiotas como o timba (o tamanduá, “urso formigueiro”); o clã de Intsáfintê, o de TE
(a lebre), são astutos como a lebre; o clã de Intsô, o de KÓ (o sapo).
Dedicam-se à cultura da terra e estão sempre imersos em água, na lama como o
sapo; o clã de Indjókomo, o de Ká (a hiena). Foram, no seu tempo, guerreiros
temidos. Atacavam como a hiena; o clã de Iga, o Sá (o antílope frintambá).
Fazem-se notar pela sua graciosidade e a sua elegância, à imagem do antílope (frintambá);
o clã Intsatê, o de INDI (macaco). Tornaram-se mestres em matéria de extracção
de vinho de palma e sobem às palmeiras como os macacos. A organização social do
grupo Papel baseia-se na filiação uterina. A criança recebe automaticamente o
totem da sua mãe. Eles praticavam a exogamia. Trata-se, aliás, de um princípio
observado por todos os grupos animistas para determinar a pertença à linhagem (Djorçon)».
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(Tcherno Djaló, in O Mestiço e o Poder [Identidades, Dominações e
Resistências na Guiné-Bissau], Veja, 2012, Lisboa, p. 59 e 60).