O Valor Sagrado do Matrimónio



O casamento é o substrato identitário da família. Não é um romantismo momentâneo, nem baseado em conveniências de fachada ou individualismo mero circunstancial dos nubentes. Não é também um berbicacho que se vai consubstanciando numa "prisão" ou "enforcamento" dos cônjuges, tal como jocosamente se costuma dizer por aí fora. Ele é, apropriando-me da Declaração da Fé Baptista, "o vínculo voluntário e legalmente assumido entre um homem e uma mulher que se amam, constituindo uma união espiritual, psíquica e física. Esta unidade é monogâmica, heterossexual e indissolúvel, segundo o plano de Deus, expresso na Sua Palavra. No pleno gozo de igualdade de valor e dignidade pessoal, cada um dos cônjuges desenvolve todo o seu potencial humano dentro da especificidade de funções de cada um". E na mesma esteira do pensamento, o Código Civil Português vem expressamente dizer que "o casamento baseia-se na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges” e estes estão “reciprocamente vinculados pelos deveres de respeito, fidelidade, coabitação, cooperação e assistência" (artigo 1671.1; 1672.º). E isto, em última instância, traduz-se o amor no seu autêntico sentido etimológico e teológico (LER). Um amor que transcende, de longe, a mera inclinação erótica e superficial, a qual, fomentada egoisticamente, rápida e miseravelmente se desvanece. Os cônjuges, portanto, devem procurar encarnar no seu quotidiano o genuíno e puro amor. Amor esse, ratificado legalmente pela promessa de ambos, "é indissoluvelmente fiel, de corpo e de espírito, na prosperidade e na adversidade; exclui, por isso, toda e qualquer espécie de adultério e divórcio"[1].  

E por tudo o que foi exposto, e mais se poderia acrescentar, estive no sábado passado, de "corpo e alma", no casamento dos meus grandíssimos amigos Hugo Silva e Christina Rossi Silva. Foi uma cerimónia bonita, tal como o amor incondicional que ambos têm evidenciado ao longo de todo este tempo. Acompanhei, desde o início, o seu processo de namoro e não podia ficar mais feliz com este gigantesco passo de compromisso. Espero, caros amigos Christina e Hugo, que o nosso Todo-poderoso DEUS possa continuar a abençoar-vos e a solidificar cada vez mais a vossa união matrimonial em todos os aspectos, sobretudo que a promessa do Salmo 127 e 128 seja uma realidade viva na vossa vida. Que sejam, em suma, eternamente felizes e tenham muitos filhos e netos e bisnetos. Amém. 



[1] Concílio Ecuménico Vaticano II [Documentos Conciliares e Pontifícios], p. 381 e 382, Editorial A. O – Braga.