O título do artigo foi uma paráfrase da grande reportagem feita
pelo jornal Público há cinco anos para retratar os contornos e implicações
político-diplomáticas que encerraram o inesperado processo da auto-determinação
da Guiné-Bissau e a forma surpreendente como as pessoas reagiram o tal
instantâneo acontecimento nacional (LER).
Hoje, passadas quatro décadas, estamos em condições de refutar
manifestamente que o caminho desordeiro e sanguinário trilhado para obter a
nossa independência foi malévolo e um autêntico fracasso a todos os níveis (LER). Também estamos em condições de pôr
em causa o projecto ideológico-político do Engenheiro Amílcar Lopes Cabral
sobre a Guiné-Bissau e o plano que traçou a curto, médio e longo prazo para o
desenvolvimento do nosso país era e é inexequível. A ideologia
marxista-leninista, que ele desde a primeira hora perfilhou e promoveu
afincadamente (LER), não passava de uma utopia política
tal como se podem constatar, por todos, nos escritos de Karl Marx e Vladimir
Lenine.
Estamos, da mesma sorte, em condições de afirmar categoricamente
que Amílcar Cabral não foi um grande líder, como o PAIGC tem propalado e
veiculado ao longo dos anos, visto que não soube conviver bem com as diferenças
e simultaneamente preparar homens capazes à altura dos desafios da governação.
Sob a sua liderança e orientação política, eliminou fisicamente os opositores
nas matas do país, sobretudo na vindicta do congresso de Cassacá, em 1964, onde
muitos ditos destacados "camaradas" foram
barbaramente assassinados por não obedecerem aos transmites e ordens superiores
do partido, transmitindo assim ao PAIGC este autoritário e violento método
na resolução dos diferendos – que se tem feito sentir reiteradamente no partido
até à data presente e com todas as consequências nefastas que tal censurável
conduta acarreta no país, isto é, de silenciar os opositores através dos
bárbaros métodos "di bibi udju boka iem". Os homens que
Cabral preparou, os cognominados "pioneiros do partido" ou "cabralistas" foram,
na sua generalidade, corruptos, violentos, assassinos, medíocres,
incompetentes, gananciosos, mulherengos. Uma autêntica nulidade. Vedes, por
todos os exemplos, o legado de Luís Cabral, João Bernardo Vieira (Nino), Malam
Bacai Sanhá, Koumba Ialá, José Mário Vaz (e aqui somente enumeramos os que foram
eleitos democraticamente Presidentes da República, excepto Luís Cabral, uma vez
que a lista é bastante enormíssima e infindável).
Estamos ainda em devidas condições de negar liminarmente os factos
históricos apresentados pelo PAIGC, máxime a grosseira mentira que consolidou
ao longo das décadas entre os guineenses que haviam esgotados todos os meios
pacíficos para prosseguir a resistência da nossa independência por meios do
diálogo. Esta alegação não corresponde à mínima verdade, não obstante a priori ter havido
inflexibilidade e intransigência por parte do governo de Salazar. Desde logo,
como é possível um partido que havia sido criado sete anos antes já queria ver
total abertura por parte de Portugal, que estava a colonizar a Guiné-Bissau há
cinco séculos e abdicar rapidamente desse privilégio dominador? Era bastante
prematuro aos olhos do colonizador, sem prejuízo naturalmente de nos podermos condenar sempre o comportamento da escravatura em todas as suas configurações e facetas antropológicas.
E mais, havia factores objectivos auspiciosos que apontavam a não
continuidade de Portugal no nosso país num futuro breve, nomeadamente na
geopolítica e geoestratégia internacional. Em 1963, ano em que começou a nossa
luta de libertação nacional, a maioria dos países africanos já havia tomado a
sua independência, principalmente os nossos vizinhos da Guiné-Conacri e
Senegal. Em 25 de Maio, do mesmo ano, já tinha sido criado a Organização de
Unidade Africana (OUA), vulgarmente conhecida hoje como Unidade Africana (UA),
que tinha como uma das suas finalidades lutar pela descolonização e emancipação
dos países africanos (LER), especialmente devido ao facto de em
1945 a Carta das Nações ter preceituado no seu artigo 1º o inovador Princípio da
Autodeterminação dos Povos e a censurabilidade da escravatura na ordem
internacional (um entendimento, igualmente, acolhido pelo Pacto Internacional
sobre Direitos Civis e Políticos (PIDCP), bem como no Pacto Internacional sobre
Direitos Económicos, Sociais e Culturais (PIDESC)). Além destas importantes
aberturas, acresce ainda o facto da antiga União Soviética (URSS), os Estados Unidos
da América (EUA) e a China, membros permanentes do Conselho Segurança das
Nações Unidas, se terem demarcado com a prática da colonização, lançando-se
explicitamente na campanha para a sua erradicação no mundo. Todas essas
mudanças positivas acabariam, cedo ou tarde, por contribuir para a nossa
independência – sem necessariamente ser pela via armada, tal como sofridamente
foi.
Estamos ainda em condições de concluir que o Engenheiro Amílcar
Lopes Cabral e o seu sanguinário partido PAIGC foram uma maldição para a
Guiné-Bissau, bem com o método armado empregado para a nossa (in)dependência
foi bastante pernicioso para o país. Os custos da guerra foram claramente mais elevados do
que propriamente os seus benefícios. Morreu em vão muita gente (e ainda hoje
continua a morrer colateralmente) para não haver nenhuma mudança positiva em
prol dos guineenses. O PAIGC é um partido viciado e concomitantemente
incurável, tal como o tribalista e golpista PRS (LER) e os seus comparsas de
APU-PDGB, MADEM-15, somando todos os politiqueiros, vigaristas, oportunistas,
incompetentes, padronos de fraude, ladrões do erário público, corruptos,
traidores da pátria "i barri duris di padja" que tão
bem conhecemos de outros carnavais. Por causa da acção vergonhosa desses badamecos – "ndaures" –,
continuamos ainda a ser um país inviável e desprestigiado na arena
internacional, levando-nos a conformar cegamente com a pobreza como sendo o
determinismo da vida.
É assim que se toma a independência de um país? É isto
que chamam orgulhosamente de "Setembro Vitorioso"?
Vitorioso, afinal, em quê? Só se for na ignorância, incompetência, corrupção,
discriminação, miséria, retrocesso e cabalindadi (LER) e não certamente na Emancipação, Dignidade e
Dignificação, Direitos Humanos, Meritocracia, Ordem e Progresso.