Quem nos Acudirá da Maldita Mutilação Genital Feminina?



Assinala-se hoje o “Dia Internacional da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina” (LER). Uma efeméride que não tem praticamente qualquer tipo de repercussão prática na vida das mulheres guineenses, limitando-se apenas a um mero formalismo institucionalista para engodar a conivente opinião pública e continuar a perpetuar as tremendas violências contra as inofensivas mulheres. A Guiné-Bissau é um país sexista e misógino. Não é feito para o sucesso das mulheres, infelizmente. A autonomia e a afirmação das mulheres não é algo bem visto na nossa caduca sociedade de “matchundadi”. E tudo isto acaba por acentuar, de forma considerável e drástica, a discriminação, o abuso e a violência que inúmeras mulheres enfrentam penosamente no seu quotidiano (LER)

A começar, desde logo, a titulo de exemplificativo,  na desprotecção legal, a injustiça social e do mercado laboral, o não acesso à educação, a galopante mortalidade materno-infantil, a ofensa à integridade física e psicológica que engloba a hedionda prática da mutilação genital (ALI) e (AQUI), a violência domestica e o casamento forçado a que a maioria  das mulheres é submetida em nome da anátema religião ou tradição e que resultam sempre nos danos psicológicos irreparáveis e, em determinados casos, na morte prematura das visadas. Todos estes gritantes males cometidos contra as nossas mulheres, que não têm merecido uma atenção especial dos nossos sucessivos governantes, pelo menos, por enquanto, violam flagrantemente os Princípios e Valores consagrados na Declaração Universal dos Direitos do Homem, que a Guiné-Bissau ratificou e adoptou na sua Constituição da República, conhecidos como Direitos irrenunciáveis e inderrogáveis a qualquer pessoa humana. São conjuntos de direitos inatos ao Homem e que configuram os chamados Direitos Fundamentais, transcendendo o próprio Estado na sua actuação com os particulares.