«Eu não sei o que é
tratamento humanitário na prisão. Eu estou preso, estou numa solitária – a
verdade é que é uma solitária – porque eu fico a maioria do tempo inteiro
sozinho, recebo os meus advogados e só. E a família uma vez por semana. Eu não
sei se isso é bom. O que me faz suportar tudo isso sem ódio e com muita
esperança é que tem milhões e milhões e milhões e milhões de brasileiros que,
mesmo em liberdade, vivem pior do que eu estou vivendo. Eu almoço, eu janto,
sabe…
O brasileiro ou a brasileira que mora
em uma palafita, ela não tem nenhuma cidadania. O cidadão que mora num quarto
de três por três e ele é obrigado a almoçar, jantar, cozinhar, fazer sexo com a
sua esposa, fazer a sua necessidade fisiológica num espaço de três por três,
sabe, ele não está vivendo melhor do que eu estou aqui. Então é por isso que eu
me preocupo menos com a minha situação e muito mais com a situação de milhões
de pessoas…» (LER) .