Desde a sua história de autodeterminação a
Guiné-Bissau nunca teve estadistas à altura do desafio político-governativo.
Nunca teve um Presidente da República que defendesse realmente a causa nacional
e que, desta forma, conformasse a sua actuação com os desígnios da Constituição
da República. Nunca teve um Presidente do Parlamento competente e decente.
Nunca teve um Primeiro-ministro incorruptível e disponível para atender os
legítimos anseios do nosso povo. Nunca teve magistrados impolutos ou um
Presidente do Supremo Tribunal ajuizado. Nunca teve, da mesma sorte, um Chefe
de Estado Maior subordinado e que zelasse realmente pela Res Publica.
Sempre teve, sim, para desgraça nossa, políticos e governantes medíocres,
permeáveis ao clientelismo, nepotismo e corrupção generalizada dentro e fora do
aparelho de Estado.
O General Biague Na Tam, o actual Chefe de Estado
Maior das Forças Armadas da Guiné-Bissau, é a excepção à regra destes maus
exemplos acabados de se mencionar que o nosso país tem vivido ininterruptamente
ao longo da sua independência. Se, felizmente, tivemos pela primeira vez na
história do nosso país um Presidente da República a terminar o seu mandato tal
proeza deve-se, acima de tudo, ao sentido patriótico e de estadista do General
Biague Na Tam. Se nestas últimas semanas não tivemos o banho de sangue no país,
como tudo apontava, tendo em conta os dois decretos inconstitucionais do
Presidente Cessante (LER), isso deve-se exclusivamente ao
General Biague Na Tam. O General Biague Na Tam provou, durante estes pouco mais
que quatro anos à frente das Forças Armadas, não ser um homem facilmente
influenciado pelos mesmos “desestabilizadores do regime democrático”.
Provou também não ser tribalista e belicoso. O General Biague Na Tam, graças a
DEUS, tirou as nossas Forças Armadas da conotação pejorativa que carregavam
desde 7 de Junho de 1998 (LER), isto é, de serem umas forças armadas instrumentalizadas, amotinadas,
tribalistas e reduzidas a caprichos de um certo partido político da nossa Praça
Pública, devolvendo-lhe o seu outrora papel Republicano e do serviço exclusivo
ao povo guineense.
O General Biague Na Tam, sem dúvida, foi um homem bastante crucial,
importante e determinante nestes conturbados cinco anos que o nosso país
penosamente experimentou, fazendo com que não houvesse uma sublevação armada no
país, não obstante a constante pressão que tem vivido por parte dos seus pares,
partidos políticos e o poder político. Conseguiu aguentar bem a pressão,
vincando o carácter democrático e republicano das nossas Forças Armadas. Foi um
exímio “fiel da balança” em todo este imbróglio
político-governativo. Por isso, o General Biague Na Tam merece ser
condecorado pelo próximo Presidente da República da Guiné-Bissau que sairá das
eleições que se avizinham – em nome do nosso povo. Assim espero. Muito obrigado
e longa vida General Biague Na Tam!