A farsa da
tomada de posse ensaiada hoje entre o presidente da república cessante e o
candidato dado como vencedor pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) consubstancia
um autêntico golpe de estado (LER). Isto porque o processo eleitoral ainda
não culminou e nem sequer há um candidato definitivamente vencedor, tendo em
conta o contencioso eleitoral que está neste momento no Supremo Tribunal de Justiça
do país que, em última instância, tem a prerrogativa constitucional de assegurar
o justo vencedor do escrutínio (LER). No entanto, os politiqueiros da nossa praça pública e com o beneplácito das forças
armadas decidiram unilateralmente alterar a ordem constitucional do país, pondo à força um candidato como Presidente da República à revelia da nossa Lei Magna
e dos órgãos da soberania.
Há regras de
funcionamento num estado de direito democrático, tal como diz ser a
Guiné-Bissau. Não basta meramente alegar ter a razão para legitimar comportamento
inapropriados com os princípios e os valores da democracia participativa. Só o
poder judiciário tem a faculdade de dirimir os litígios que vão surgindo na Res
Publica e consequentemente decidir quem tem ou não razão e vice-versa. Tudo
o que extravasa este raio de compreensão e actuação é pura tirania.
Foi isto que aconteceu hoje no nosso país: a tirania na sua verdadeira acepção.
Espero realmente
que este golpe de estado não se consolide e tão pouco triunfe; que não tenha
pernas para andar, bem como que possam erguer de viva voz todos os guineenses patriotas para denunciarem intrepidamente esta afronta à nossa democracia. Em suma, que a Comunidade Internacional possa ajudar-nos a salvar o país do jugo
opressor em que está submergido.