«Não sou eu um homem
livre? Não sou um apóstolo? Não vi também eu Jesus, nosso Senhor? Não é a vossa
comunidade de fé fruto do meu trabalho? Se para outros eu não sou apóstolo,
sou-o com toda a certeza para a vossa comunidade. A vossa fé é o selo que dá
garantia ao meu apostolado. Com isto quero defender-me contra aqueles que me
criticam. Não tenho eu o direito de comer e beber? Não tenho também o direito
de levar comigo uma mulher crente, como fazem os outros apóstolos, os irmãos do
Senhor e Pedro? Ou só eu e Barnabé é que temos de trabalhar para viver? Quem é
que vai para a guerra à sua própria custa? Quem é que planta uma vinha e não
come do seu fruto? Ou quem é que anda a guardar um rebanho e não se alimenta do
leite desse rebanho? (…) Se outros têm o direito de participar dos vossos bens,
não temos nós ainda mais direito do que eles? Mas nunca quisemos fazer uso
desse direito. Pelo contrário, suportámos tudo para não criar dificuldades à
pregação da boa nova de Cristo.
Não sabem que os que
trabalham para o templo comem à custa do templo e os que vão apresentar as
ofertas sobre o altar recebem uma parte dessas ofertas? Do mesmo modo, o Senhor
determinou que aqueles que anunciam a boa nova vivam à custa desse trabalho. Mas
eu nunca exigi isto a ninguém. Nem vos escrevo estas coisas com esse objetivo.
Preferia morrer. Não quero que ninguém me tire este motivo de orgulho. E não é
por anunciar o evangelho que eu me sinto orgulhoso. Isso é uma obrigação que eu
tenho. Ai de mim se eu não anunciar a boa nova! Se o fizesse por minha
iniciativa, podia ter um salário. Mas se não é por minha iniciativa é porque me
sujeito a uma missão que me foi confiada, qual será então o meu salário? O meu
salário é a satisfação de anunciar o evangelho sem exigir nada em troca,
renunciando aos direitos que eu tenho.[1]»
[1]
Apóstolo Paulo, in A Bíblia Sagrada, 1 Coríntios 9:1-7; 18-, Versão, A Boa Nova
Em Português Corrente, Lisboa, Sociedade Bíblica de Portugal, 2004.