Este pulo de publicar no Observador
foi, de facto, um salto bastante inovador para um eremita como eu. Sinto-me,
hoje, como quem "saiu do armário literário" (não costumo aventurar-me
nestes efémeros mediatismo). Sempre resisti à tentação de demasiada exposição
pública nos jornais desde que tenho vindo a escrever, mas desta vez cometi um
deliberado "delito de opinião" e deixei-me seduzir intelectualmente para fora
dos portões das "As Verdades". Ainda vou a tempo de me redimir e
regressar, sem lesões psicossomáticas, ao meu discreto e aconchegado casulo de
anonimato.
O prolixo artigo enquadra-se no "Dia de África", que se
celebra hoje. Procurei fazer um diagnóstico abrangente e apurado sobre a
patente realidade política, económica e social do nosso famigerado Continente,
através de um enquadramento histórico-sociológico para depois aferir na íntegra
o âmago do problema e apresentar soluções exequíveis. Não me distanciei da
posição que assumi nas recentes palestras em que fui convidado como perorador
para falar da situação vigente em África. A primeira foi com o Núcleo de
Estudantes da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (NEAFDUL) para
abordar a "História e Cultura dos Países Africanos". A segunda foi na semana
passada com a Comunidade Evangélica Guineense da Igreja de Benfica, em Lisboa,
subordinada ao tema: "A Idolatria em África". Fui congruente em tudo aquilo que
falei nas duas palestras. Não somente denunciei intrepidamente a "Herança de
Injustiças" que se vive em África como procurei carregar as suas dores. Foi,
por assim dizer, um misto de sentimentos que inundou o meu pobre coração. Não é
tarefa fácil falar e escrever sobre África, tendo em conta as vicissitudes
várias que encerra. É muito pano para mangas, tal como diz sabiamente o adágio
popular.
No entanto, como sustentei no artigo, não obstante os
recuos que África experimentou durante a sua História de auto-determinação, a
data de 25 de Maio de 1963 jamais será esquecida pelos nativos do Continente,
porque contribuiu decisivamente para abolir, de forma definitiva, a
marginalização e a escravatura que outrora marcaram profundamente a vida de
milhões de africanos ao longo dos séculos.
Sem entrar mais em prolegómenos, recomendo vivamente a
leitura do artigo (LER). Tenha um bom proveito. Obrigado.