A Queda de um Colosso


É com bastante preocupação que tenho vindo a seguir o mediático processo "Operação Marquês" (LER). Nutro alguma simpatia pelo Engenheiro José Sócrates, apesar de não concordar com a generalidade das suas opções políticas enquanto governante, mormente no campo ético-moral. Mesmo assim, despertou-me, desde muito cedo, uma atenção especial quando ainda vivia em Bissau no seu contundente frente-a-frente semanal com o Dr. Pedro Santana Lopes no telejornal da RTP 1 (LER)

Foi sempre um líder carismático e concomitantemente controverso. Tem uma personalidade invulgar, que não deixa ninguém indiferente. Talvez seja por esta razão foi objecto de várias suspeitas, durante todo o seu mandato como Primeiro-ministro (LER), a começar pela conclusão da sua polémica licenciatura, o caso Freeport, o Face Oculta e Monte Branco (LER). Está novamente envolto em maus lençóis com a justiça portuguesa e, desta vez, dificilmente sairá impoluto. A sua prisão preventiva ilustra muito bem a gravidade da suspeita que foi alvo pelo Ministério Público (LER)

Perante o litigioso processo em apreço quero, como cidadão, salientar apenas o seguinte: tanto o poder, a glória e a fama é tudo efémero. Nada é perpétuo neste "Vale de Lágrimas" a que estamos adstritos. As virtudes da honra, da humildade, da honestidade e da solidariedade, completamente negligenciadas nos dias de hoje, são valores mais sublimes que uma pessoa pode cultivar do que propriamente prender-se ao vazio do materialismo que não proporciona uma vida feliz e bem-sucedida. E mais, uma outra verdade que podemos extrair a priori neste caso é o da falibilidade de todos os seres humanos, independentemente daquilo que são, ostentam ou pregam em público. "Maldito o homem que confia no próprio homem, e conta somente com a força humana", encerrava peremptoriamente o Profeta Jeremias advertindo sobre a mutabilidade e fragilidade do ser humano pelas circunstâncias da vida   (Jeremias 17:5). Quem diria que algum dia José Sócrates estaria atrás das grades? 

Obviamente que Sócrates, para todos os efeitos, continua ainda a beneficiar da "Presunção da Inocência"  até ser condenado e o processo transitar em julgado ou, tão-somente, ser ilibado das acusações (LER) como manda escrupulosamente a lei. No entanto, tenho sérias dúvidas se desta vez o "barão" do PS conseguirá dar volta à situação ao ponto de escapar os fortes indícios da prática de crimes que recaem sobre ele. 

Sinto imensa pena do Engenheiro Sócrates. Lamento profundamente a sua penosa sorte. Foi, sem margem de dúvida, um político que marcou decisivamente a história portuguesa. Não merecia, de todo, este opróbrio. Por isso, sem prejuízo que se faça inteiramente a justiça, manifesto aqui publicamente a minha profunda solidariedade para com ele, esperando que consiga de facto provar a sua plena inocência no tribunal e consequentemente sair de todo este imbróglio jurídico em que está submergido (LER) e (AQUI)