Tenho acompanhado a série de debates entre os candidatos
que se perfilam na corrida presidencial, e registado a agenda política que cada
um tenciona implementar caso vença as eleições. A única decepção que tenho tido
até agora foi com o Professor Marcelo Rebelo de Sousa. Ele querendo, a todo o
custo, ganhar as eleições à primeira volta está desnecessariamente a apostatar
a sua identidade ideológica, relativizando a sua profissão social-democrata e
católica, distanciando-se dos "tóxicos" Passos Coelho e Paulo Portas (LER), assumindo posições
políticas ecuménicas para agradar, no máximo possível, à generalidade dos
portugueses. Ora isto é um tacticismo deplorável. Uma "elasticidade moral do
cobarde", nas palavras do insuspeito Henrique Raposo (LER).
Os fins nunca podem justificar os meios. A consistência é uma coisa importante
na vida. Com este comportamento volúvel, o Professor corre o risco de perder
muitos votos à direita sobretudo da ala mais conservadora, comprometendo assim
a sua vitória logo à primeira volta.
Não preciso mais ouvir os candidatos para concluir
esclarecidamente o meu sentido de voto. Estou bastante elucidado sobre as suas propostas políticas, tendo já tomado a minha decisão final.
Por imperativo da consciência vou votar em branco, tal
como fiz nas últimas legislativas. Nenhum dos candidatos me inspira total
confiança. Tinha, inicialmente, expectativas elevadas em Marcelo Rebelo de
Sousa, por ter sido o meu Professor, e nutrir uma enorme simpatia pessoal pela
sua forma peculiar de estar (LER). No entanto, este entusiamo foi-se esvanecendo à
medida que a campanha eleitoral vai apertando, até há dias atrás quando afirmou,
peremptoriamente, que deixaria passar o diploma de adopção por casais do mesmo
sexo, a eliminação das taxas moderadoras cobradas na interrupção voluntária da
gravidez (IVG) e a eventual lei da eutanásia, bem como a liberalização de
drogas, inclusive ter elogiado as salas de chuto (ALI) e (AQUI),
e titubeado sobre a matéria da barriga de aluguer, num autêntico
oportunismo político com o intuito de atrair votos à esquerda.
Estes temas são-me caros. Sou manifestamente contra a
sua legalização. Não posso legitimar, em circunstância alguma, um presidente da
república que pactue com tais hediondas práticas. Congruentemente com o que
tenho vindo a defender, em vários fóruns e também aqui (LER),
votarei em branco no dia 24 do corrente mês, por não me rever ideologicamente
em nenhuma das plataformas dos candidatos – Nem do tempo velho nem do tempo
novo.