«Senhor, meu Deus
e salvador,
de dia e de noite
te peço ajuda.
Aceita a minha
oração,
atende a minha
súplica!
Estou cansado de
tanto sofrer,
encontro-me às
portas da morte.
Já me podem contar
entre os mortos,
pois estou
completamente sem forças.
Estou abandonado
entre os que morreram;
sou como aqueles
que já foram enterrados,
sou como os que
foram separados de ti
e dos quais já te
não lembras.
Lançaste-me no abismo mais
profundo;
nas profundezas da
escuridão.
A tua indignação
pesa sobre mim;
humilhas-me com
tantas aflições.
Afastaste de mim
os meus amigos;
fizeste-me
insuportável para eles.
Estou como um
preso que não pode escapar.
Os meus olhos
apagaram-se de sofrimento.
Todos os dias te
invoco, Senhor,
e levanto as mãos
em oração.
Acaso farás
milagres para os mortos?
Poderão os mortos
levantar-se e louvar-te?
Poderá alguém
anunciar no sepulcro a tua bondade,
ou no reino da
morte a tua fidelidade?
Conhecerão as tuas
maravilhas no reino das trevas
e a tua
generosidade na terra do esquecimento?
Eu, porém, Senhor,
clamo por ti;
de madrugada te
dirijo a minha oração.
Por que me
rejeitas, Senhor,
e desvias o teu
olhar?
Desde a mocidade
que ando aflito e atribulado;
tenho suportado os
terrores da tua ira.
Por cima de mim
passou a tua grande indignação;
os teus ataques
aniquilaram-me.
Rodeiam-me todo o
dia, como vagas,
como uma
inundação, que me afoga.
Afastaste de mim
amigos e companheiros;
a minha companhia
são as trevas.»
(Poema de Hemã, natural de Canaã, Salmo 88:1:19, A Boa Nova Em
Português Corrente, Lisboa, Sociedade Bíblica de Portugal, 2004).