“Alegra-te
muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que o teu rei virá a
ti, justo e Salvador, pobre, e montado sobre um jumento, e sobre um jumentinho,
filho de jumenta” (Zacarias 9:9).
Celebra-se hoje em
todas as Igrejas Cristãs do mundo o “Domingo de Ramos”, conhecido também como a
“Entrada Triunfal do Senhor Jesus Cristo em Jerusalém”. Um evento amiúde
marcante e determinante na história do Cristianismo e na consolidação do
processo da salvação da Humanidade. Domingo de Ramos foi um dos acontecimentos
que precedeu à chamada “Semana da Paixão” em que o Filho do Todo-poderoso DEUS
foi exposto ao opróbrio dos anciãos, dos chefes dos sacerdotes, dos doutores da
lei e de todo o povo, sentenciando-Lhe injustamente a morte na Cruz do Calvário.
O Senhor Jesus, quando
estava ainda na região da Galileia, tomou a firme decisão de ir a Jerusalém
(Mt16:21; Lc 9:51), visto que era o lugar onde convergiam todas as profecias
bíblicas a seu respeito. Era, até então, a cidade de oblação para a expiação
dos pecados que o povo reiteradamente cometia, razão pela qual o Messias tinha de
ser sacrificado ali para selar definitivamente a Velha Aliança e, deste modo,
instaurar um novo Sacerdócio Real na ordem de Melquisedeque (Gn 14:18-21; Salmo
110:4; Hb 5:5-6; 6:20; 7:15-17).
A decisão do Senhor
Jesus em deslocar-se a Jerusalém tinha sobressaltos a todos os níveis,
principalmente do ponto de vista geográfico e espiritual. O lugar onde Ele se
encontrava na região do mar da Galileia, segundo os estudiosos, fica 200 metros
abaixo do nível do mar, enquanto a altura média de Jerusalém é de 760 metros
acima do referido nível. Subir até à Cidade Santa era uma trajetória bastante
penosa e íngreme para o Filho de DEUS. No decorrer da viagem, o Senhor Jesus
atraiu uma enorme turba de peregrinos que seguiam também para Jerusalém, a fim
de assistir à celebração da páscoa judaica (Jo 2:13), especialmente por ter
curado milagrosamente dois cegos na circunscrição de Jericó (Mt 20:29-34). E
foi assim, de forma heróica, que o Senhor Jesus entrou triunfalmente em
Jerusalém com a multidão a render-Lhe merecidamente adoração e acções de
graças, entoando vivamente: “hosana ao Filho de David; bendito o que vem em
nome do Senhor. Hosana nas alturas” (Mt 21:1-10), contrariando todas as
evidências da censura maléfica por parte dos fariseus (Lc 19:39-40).
A efeméride do Domingo
de Ramos evidencia uma total submissão do Senhor Jesus Cristo à vontade
soberana do Seu Pai no cumprimento escrupuloso da Sua missão salvífica neste
maldito mundo, não obstante o cenário negro do grande sofrimento e da morte que
Lhe esperavam em Jerusalém nos dias subsequentes. Continuou, mesmo assim, fiel
à Sua missão celestial até ao fim. O evento do Domingos de Ramos nos ensina, de
forma manifesta, que o triunfo Cristão exige momentaneamente a renúncia, o
sacrifício, o sofrimento e, até mesmo, em casos mais extremos, a morte para
assim conseguir atingir o alvo espiritual que DEUS requer para as nossas vidas.
Mesmo nestes cenários
extremamente adversos e de riscos previsíveis, que o Cristão é obrigado muitas
vezes a enfrentar para testificar firmemente a sua fé no Senhor Jesus Cristo, a
vitória continua assegurada para ele, tal como prometida nas Escrituras Sagradas.
Somos, em todas estas coisas, “mais que vencedores, por aquele que nos amou”,
sustentava o Apóstolo Paulo (Rm 8:37). O próprio Senhor Jesus foi exemplo
máximo disso. Passou por tremendas oposições e humilhações dos homens, durante
todo o Seu ministério terreno (Hb12:3), terminando com a Sua humilhante morte
na Cruz do Calvário. Em princípio, vendo as coisas numa perspectiva meramente
humana, parecia que tudo estava perdido para o Filho do Homem e não havia
sequer alguma alternativa viável para reverter este curso funesto das coisas.
Com efeito, o Senhor Jesus Cristo venceu na força do Espírito Santo o Diabo e a
morte, ressuscitando ao terceiro dia, glorificando assim a DEUS com o Seu
impoluto testemunho de vida (Mt 28:1-7; Mc 16:1-7; Lc 24:1-8; Jo 20:1-18; 1 Cr
15:1-8; Fp 2:5-11). Aleluia!
Que DEUS nos ajude a
seguir realmente este irrepreensível e poderosíssimo exemplo de vida do nosso
Sumo-Sacerdote, o Senhor Jesus Cristo, a quem pertence a glória, a honra e o
poder para todo o sempre. Amém. Tal como Ele entrou triunfalmente em Jerusalém,
que possamos igualmente enfrentar todas as “jerusaléns” que estarão à nossa
espera neste mundo mau em que vivemos, mesmo que isto nos custe os maiores
dissabores e infortúnios na vida. Que possamos, de facto, para o nosso próprio
bem, estar à altura de aplicar a Sua “Oração Sacerdotal” na nossa vivência
diária, afirmando peremptoriamente como Ele fez: Pai, “eu glorifiquei-te na
terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer” (Jo 17:4). Que assim seja.