O Natal Bávaro


Estou há dias em terras alemãs, depois me de ter aventurado primeiramente pela cidade de Frankfurt, Wurzburg e agora hospedado em Munique com o meu amigo Hugo Silva (VER). Fomos gentilmente acolhidos pela família Rossgoderer (Hans-Peter, Ursula, Christina e Johannes). Disponibilizaram-nos a sua casa para ficarmos durante alguns dias, bem como celebrar com eles a festa do Natal. 

O Natal da Baviera é totalmente diferente do guineense/português, partindo da nobre experiência que estou a ter aqui. Julgo que os alemães celebram-no de uma melhor forma do que a maioria dos lusófonos. Focam-se mais no seu autêntico significado teológico do que propriamente restringindo-se às sumptuosas comezainas e outras superficialidades que não têm nada a ver com a marcante quadra. 

Desde logo, não se desdobram a fazer vários pratos e infindáveis doces, tal como é habitual na Guiné-Bissau e em Portugal. Ontem à noite tivemos apenas um prato de comida simples e saborosa chamado Gulasch. Depois da refeição fraternal houve um tempo dedicado à meditação das Sagradas Escrituras. Lemos o capítulo 2 do Evangelho segundo Lucas, que ilustra muito bem a ocasião da festa e de seguida tivemos o acto de louvor, baseado nos tradicionais hinos de Natal. Estando o pai da Christina, Hans-Peter, a tocar o piano e nós, de forma harmoniosa, a acompanhá-lo através dos cânticos que entoávamos. Só depois de concluirmos estas boas "formalidades espirituais", que foram aproximadamente de 45 minutos, é que passámos pela fase seguinte, que foi a de trocar as prendas. Recebi um lindo e bem quentinho pullover para atenuar a minha situação de frio (a nossa pele não está preparada para essas baixas temperaturas. Faz mesmo imenso frio). 

Depois das trocas de presentes, seguimos para a Igreja católica de St. Magdalena, em Ottobrunn, para assistir a missa às 23:h00, terminando uma hora e meia seguinte. Apesar de ser Evangélico-protestante, não hesitei em ir com eles, uma vez que a iniciativa era por si só de louvar. Também há um ano, no Médio Oriente, concretamente na altura da Páscoa, assisti ao culto na Basílica da Anunciação em Nazaré (LER), sem qualquer tipo de preconceito ou problema, para não falar de inúmeras outras experiências do género que tive em Bissau e também em Portugal. Já estou habituado e praticamente "vacinado" contra a doutrina católica. Terminada a missa (por volta da 00h:30) regressamos novamente a casa e continuamos o convívio até às tantas da manhã. 

Já hoje acordei às 11:h30, depois de um longo dia de festa ontem. Aproveitamos para acabar os restos da consoada e passear pela cidade de Munique, juntamente com a Christina. À noite tivemos um maravilhoso jantar de hackbraten e sobremesa de donauwelle. Houve ainda um tempo de debate sobre a política internacional, europeia, africana e sobretudo alemã. Está a ser uma experiência formidável na companhia do Hugo Silva e da família Rossgoderer. Estes são devotos cristãos católicos e pessoas extremamente simpáticas. Fazem parte do coro da igreja que congregam, excepto a Christina. Sinto-me bastante edificado por estar na companhia deles, principalmente por observar a postura tradicional e espiritual que ostentam sobre as coisas sagradas, aliás, julgo que deve ser uma prática comum em muitas famílias bávaras, que são maioritariamente católico-conservadoras. 

Espero que DEUS abençoe poderosamente esta maravilhosa família alemã e que continue a evidenciar a luz do Senhor Jesus Cristo nas suas vidas. Estou penhoradamente grato aos Rossgoderer por tudo o que estão a fazer por mim. Depois de amanhã deixo a cidade de Munique em direcção a Viena de Áustria, tendo da mesma sorte passagem pela cidade de Bratislava, Eslováquia.