Objecção de Consciência


Argumentar que vandalizar as estátuas em reacção ao racismo é apagar a História, tal como ouço alguns “donos de opinião” a esgrimir, não passa de uma treta. Uma autêntica patranha. Um falatório inútil. Uma conversa fiada, ou melhor, como dizem sabiamente os brasileiros, “conversa para boi dormir”. E aqui ninguém é boi para cair nesta artimanha. Desde quando é que uma mera estátua pode facultar-nos os registos apurados da História? Se fosse assim, seriamos todos conhecedores profundos da História da Humanidade, tendo em conta as inúmeras estátuas que grassam nas nossas ruas e cidades. 

Não são as estátuas que nos fornecem os factos históricos, insisto. A História apura-se na memória colectiva que vai passando de geração em geração e, mais especialmente, nos registos escritos, sobretudo nos livros. Nenhum cidadão médio precisa de visualizar a estátua de Adolf Hitler, Benito Mussolini, Josef Stalin, Francisco Franco, António de Oliveira Salazar, Saddam Hussein, Omar al-Bashir etc., para saber que foram ditadores e carrascos da Humanidade. Da mesma forma, não precisamos da estátua de Santo Agostinho, Madre Teresa de Calcutá, Abraham Lincoln, Mahatma Gandhi, Martin Luther King Jr, Nelson Mandela etc., para consciencializarmos que foram “justos entre as nações”. Portanto, esta tese de considerar que a erradicação das estátuas é estar a apagar a História não colhe. Tal asseveração é improcedente e deve ser liminarmente rejeitada. Quem faz a História, em última instância, é o próprio Homem – tanto para o bem como para o mal. 

E mais, por imperativo de consciência, sou um convicto Cristão, Evangélico e Baptista-Tradicional, alicerçado ideologicamente na Doutrina Social da Igreja. Não comungo com qualquer tipo de vandalismo e concomitantemente com a idolatria. Não sou apologista de estátuas, porque tal prática entra manifestamente em contradição com os meus impolutos Princípios e Valores religiosos, razão pela qual sou assumidamente um iconoclasta neste sentido. 

Por isso, da minha parte, não me incomoda de todo este ataque contra as estátuas, contando que não belisque mesmo ninguém ou a tranquilidade social. Tenho mais pena dos meus irmãos Cristãos que, de forma apedeuta e ridícula, decidem alinhar neste mundanismo idólatra e dos milhões de pessoas que foram e continuam infelizmente vítimas do racismo no mundo inteiro – do que propriamente com as estátuas que estão a ser vandalizadas ou destruídas.