“Imagino
que todos nós, de vez em quando, pensamos com realismo no dia em que seremos
vítimas daquilo que é o denominador comum final da vida – aquilo a que chamamos
morte. Todos pensamos nela. E eu, de vez em quando, penso na minha morte, e
penso no meu funeral. E não penso nisso num sentido mórbido. De vez em quando
pergunto a mim mesmo: «O que é que gostavas que dissessem nessa ocasião?» E
hoje vou dar-vos a resposta a esta pergunta.
Gostava
que, nesse dia, alguém dissesse que Martin Luther King, Jr., tentou consagrar a
sua vida ao serviço do próximo. Gostava que, nesse dia, alguém dissesse que
Martin Luther King, Jr., tentou amar alguém. Quero que digais, nesse dia, que
eu tentei ser justo na questão da guerra. Quero que possais dizer, nesse dia,
que tentei de facto alimentar os famintos. E quero que possas dizer,
nesse dia, que tentei de facto, ao longo da minha vida, vestir os nus. Quero
que digais, nesse dia, que tentei, de facto, ao longo da minha vida, visitar os
presos. Quero que digais que tentei amar e servir a Humanidade”[1].[2]
[1]Extraído na Autobiografia de Martin Luther King Jr., in Eu Tenho Um Sonho, pgs. 398, 399, Bizâncio, Lisboa, 2003.
[2] Este foi o último discurso do Pastor Baptista e Activista dos Direitos Humanos, Luther King, no templo do bispo Charles J. Mason, em Memphis. Um dia depois desta famosa alocução, 4 de Abril de 1968, foi barbaramente assinado no Motel Lorraine.
