Nunca me conformei com
o facto de muitas igrejas evangélicas não celebrarem o culto no dia de Natal,
preferindo refugiar-se mais na cómoda confraternização familiar e nas
comezainas que a própria quadra proporciona. Nunca aceitei os tautológicos e
falaciosos argumentos usados para legitimar a não realização do culto no dia a
que se atribui universalmente o nascimento do Senhor Jesus Cristo, a nosso eterno
Salvador. Faz-me ainda imensa confusão como é que as lideranças das igrejas, e
os pastores em especial, conseguem conviver tranquilamente com a inexistência
do culto neste grande dia da salvação e ficarem conformados em suas casas nas festanças.
A igreja católica
romana, por exemplo, tem uma postura irrepreensível neste ponto do culto natalício
do dia 25 de Dezembro. Tanto o Vaticano como os católicos praticantes dão a importância
cimeira a “missa do galo”, procurando suspender toda a azáfama da confraternização
familiar para assistirem a referida missa, que lembra e exalta a encarnação do Senhor
Jesus Cristo ao mundo. Testemunhei esta realidade no meu país, a Guiné-Bissau,
e também na cidade de Munique, em Alemanha. Aliás, é uma realidade transversal
a todas as igrejas católicas do mundo. Infelizmente, por razões inaceitáveis,
as igrejas protestantes tentam, a todo o custo, sem fundamento justificável, relativizar
o culto do nascimento do Senhor Jesus Cristo no dia 25 de Dezembro.
É verdade que,
possivelmente, o Senhor Jesus Cristo não terá nascido no dia 25 de Dezembro. Também
é verdade que podemos celebrar o Seu nascimento todos os dias, inclusive
antecipando ou adiando-o como bem entendemos. Ainda é verdade que o culto de
Natal não é um barómetro decisivo para aferir na íntegra a qualidade da nossa
fé e o grau da nossa espiritualidade. No entanto, em circunstâncias nenhumas,
estas arbitrariedades podem levar-nos a relativizar a data oficial da
encarnação do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
E mais, os Cristãos que
negligenciam o culto no dia de Natal são praticamente os mesmos que o festejam
socialmente no dia 25 de Dezembro, através de convívios e troca de presentes
que fazem com os seus entes queridos. Não será isto uma tamanha incongruência?
Esperava-se igualmente dessas pessoas que não se associassem também a qualquer
tipo de festividade no dia 25 de Dezembro, uma vez que não o fazem do ponto de
vista eclesiástico, por considerarem que não é a data oficial do nascimento do
Senhor Jesus Cristo. As más conversações, dizia o Apóstolo Paulo, corrompem os
bons costumes (1 Co 15:33).
Nós, os evangélicos,
somos por natureza protestantes. Há coisas que, a meu ver, protestamos
demasiados e que não fazem qualquer tipo de sentido à luz da Palavra de DEUS.
As coisas que realmente deveríamos protestar com mais vigor ficamos calados,
adoptando uma postura de relativização e, em muitos casos, de letargia
espiritual o que, de todo, não condiz minimamente com o irrepressível
testemunho Cristão.
Que DEUS nos perdoe e
nos ajude a interiorizar, da melhor forma possível, a importância cimeira que o
culto no dia 25 de Dezembro representa no nosso testemunho Cristão.