MISSÕES: O Que São, Porquê e Para Quê?


I. A vida Cristã comporta vários benefícios espirituais e materiais, bem como as obrigações quanto ao nosso testemunho pessoal e responsabilidade eclesiástica. Ambas as realidades são concomitantemente intrínsecas e fazem parte fundamental do substrato identitário do Cristianismo. A partir do momento em que livremente nos convertemos ao Evangelho passamos automaticamente a ser justificados, e, consequentemente, a beneficiar da dádiva da salvação (Romanos 5:1). Por isso, pelas Escrituras Sagradas, somos considerados plenamente filhos de DEUS e herdeiros com Cristo (Romanos 8:17). A par dessas excelsas e inauditas Bem-aventuranças eternas, somos reduzidamente incumbidos do privilégio de partilhar com o mundo incrédulo e perdido a "Boa Nova da Salvação". Em outras palavras, fazer Missões. 

Definindo, portanto, Missões, de forma abreviada e resumida, é estar profundamente comprometido com os impolutos ensinos do Senhor Jesus. Aceitá-los fervorosamente sem quaisquer tipos de reservas e vivenciá-los diariamente em todos os contextos em que se está circunscrito. É dar intrepidamente o testemunho da fé "dentro e fora do tempo", contra todas as eventuais oposições maléficas que possam surgir no caminho para obstaculizar a sua vigorosa asserção, anunciando publicamente que o Senhor Jesus é o único caminho para a salvação de todo aquele que Nele crer (João 3:16). Missões envolve, acima de tudo, compromisso, consagração e serviço à nobre causa do Evangelho. Sem estas três virtudes espirituais é impossível encarnar Missões. Isto porque elas requerem, da nossa parte, um engajamento sério com o ministério da Igreja, estando sempre predispostos a usar todas as nossas faculdades, dons e talentos na edificação dos santos e na promoção do Reino de DEUS aqui na Terra. 

II. A partir do momento em que conseguimos espiritualmente  discernir e interiorizar bem o sentido de Missões nas nossas vidas, passamos também a compreender holisticamente o porquê da sua existência (LER). Desde logo, elas fazem parte dos dois grandes sacramentos que o Senhor deixou a Igreja momentos antes da Sua gloriosa Assunção aos céus, nomeadamente o Baptismo e a Ceia do Senhor (LER). Aquela consubstancia aquilo a que os missiólogos chamam da "Grande Comissão". Portanto, "ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos", exortava peremptoriamente o Senhor Jesus aos seus discípulos (Mateus 28:18-20). Para obedecer e pôr em prática os três imperativos contidos neste versículo – que é Ide, Baptizai e Ensinai – impõe-se manifestamente fazer Missões, razão pela qual elas consubstanciam um dos ministérios mais importantes e cimeiros da Igreja, porque visam, em última instância, ganhar muitas almas para Cristo. Não haverá a segunda vinda do Senhor Jesus, enquanto não fizermos cabalmente Missões. Elas integram um dos pressupostos fundamentais dos "Sinais dos Tempos", que precederão o regresso do Filho do Homem ao mundo e a finitude das coisas, visto que "esta boa nova do reino de Deus será pregada em todo o mundo como testemunho para os povos. E então chegará o fim" (Mateus 24:14). Tanto que, por esta razão, ciente desta manifesta verdade soteriológica, a Declaração de Fé Baptista Portuguesa vai inspiradamente ao ponto de considerar que "é dever e privilégio de todas as igrejas e de cada crente em particular, esforçarem-se por fazer discípulos em todas as nações. O novo nascimento do espírito do homem pelo Espírito de Deus, faz nascer nele também o amor pelos outros. O esforço missionário é repetida e expressamente ordenado nos ensinos de Jesus, assentando numa necessidade espiritual da vida regenerada. É, pois, dever de todo o filho de Deus procurar ganhar almas para o Salvador, através do testemunho pessoal e do uso de todos os meios consentâneos com o Evangelho de Cristo” (LER). O objectivo primordial dos crentes, e da Igreja em especial, é fazerem Missões, isto é, obedecer ao mandato da "Grande Comissão" e, deste modo, ganhar almas para o Reino do Senhor Jesus. 

III. Ora, materializando em prática esta grande ordenança bíblica, a Igreja está assim, com esta irrepreensível postura de obediência, a glorificar o Bendito Nome do Senhor Jesus, pois a finalidade última de Missões visa a glória e honra do nosso Todo-poderoso DEUS. E isto começa de antemão na nossa vida santificada e comprometida com a causa do Evangelho, estendendo-se a fortiori para os domínios da Igreja, fazendo com que DEUS tenha "a glória na Igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, por toda a eternidade. Amém!" (Efésios 3:21). É, justamente, por tudo isso, que todos os eleitos de DEUS, sem execepção, devem impreterivelmente saber o que são Missões e o porquê da sua existência e para que servem na dinâmica da Igreja para, assim, poderosamente, encarná-las no seu testemunho diário perante o mundo que carece tanto da Graça Salvífica do Senhor Jesus. Caso contrário, ficaremos refém de uma letargia missionária com contornos prejudiciais na nossa espiritualidade o que, de todo, não é nada salutar. Importa, por tudo o que ficou dito, em suma, que façamos com carácter de urgência as obras daquele que nos enviou, enquanto é dia. Vem a noite, quando ninguém pode trabalhar (João 9:4). Que assim seja para Louvor e Honra do nosso Eterno DEUS.