«No próprio acto levado
a cabo sob o impulso da referida paixão (libido), não só em certas
desonestidades em que se procuram lugares escondidos para se evitar a justiça
humana, mas também no trato com meretrizes (torpeza que a cidade terrena tornou
lícita), embora se faça o que nenhuma lei desta cidade pune, todavia, mesmo a
paixão (libido) permitida e impune evita os olhares públicos e, por vergonha
natural, os próprios lupanares estão providos de lugares secretos. Pôde assim a
impudicícia desfazer-se mais facilmente das peias proibitórias do que o impudor
suprimir os covis desta vergonha. Os próprios libertinos chamam a isto torpeza
e, embora se lhe entreguem, não se atrevem a fazê-lo ostensivamente.»
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(Santo Agostinho, in A
Cidade de Deus [Volume II], Fundação Calouste Gulbenkian, 2011, p. 1293).